Apresentando o senhor ZÉGUA

Apresentando o senhor ZÉGUA

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

SENHOR ZÉGUA, PONHA-SE DE PÉ. E O VEREDICTO É... CULPADO!

“ATENÇÃO! A POSSE DO CARTÃO DO BOLSA FAMÍLIA POR TERCEIROS É PROIBIDA. ELE É DE USO PESSOAL E INTRANSFERIVEL. VOCÊ É RESPONSÁVEL POR ELE.”

Se você, ao tentar receber seu beneficio do Bolsa Família, ao invés do dinheiro recebesse apenas um papelzinho com a mensagem acima, sua interpretação se encaixaria mais em quais das opções abaixo?

a) Devo ter cuidado com meu cartão e nunca entregá-lo para um estranho;
b) O cartão é só meu e está sob minha única e exclusiva responsabilidade;
c) A única pessoa que deve conhecer minha senha sou eu mesma;
d) Alguém – que não seja eu – está proibido de usar meu cartão;
e) Alguém – sem que eu soubesse – pegou meu cartão e sacou meu dinheiro;
f) No mundo de hoje, não devo confiar nem na minha sombra;
g) Meu cartão foi cancelado, porque minha renda familiar é superior a estabelecida pelas regras do programa Bolsa Família. Portanto, eu estou fora, excomungado do Bolsa Família.

Bem, com base no parágrafo que encabeça este texto, e fundamentando-se nas mais claras e atuais regras gramaticais, só um débil mental marcaria a opção “g”. A mensagenzinha que aparece no extrato bancário tem a ver com qualquer das 6 primeiras opções e não tem nada a ver com a alternativa “g” – mesmo que as regras gramaticais sejam torcidas e manipuladas descaradamente.

Mas, acreditem ou não, a alternativa verdadeira é exatamente a letra “g”. O pessoal de Brasília (digam-se: os enrolados do MDS), por razões desconhecidas (ou não), cancelam os benefícios das pessoas (por justa causa, conforme as regras do programa), mas não tem coragem de contar a verdade. Colocam uma mensagenzinha que não tem nada a ver, forçando o usuário a “secar as canelas” de tanto correr de um lado para o outro, em busca de uma explicação para o cancelamento de seu beneficio.

No final, a conclusão é simples: É só seguir as pistas abaixo e qualquer pessoa encontrará somente um culpado nessa história:

Pista 1 – Você mostra o papel para o cara da Casa Lotérica e ele diz:
- O problema deve ser no departamento do Zégua.
Você raciocina: “Bem, se o funcionário da Casa Lotérica disse isso é porque ele sabe, pois certamente quem trabalha aqui deve ser mais inteligente do que quem trabalha na Prefeitura”.

Pista 2 – Você andou recentemente no Departamento do Bolsa Família e o Zégua revisou seu cadastro. Veja bem: seu cadastro estava quietinho, e o Zégua mexeu nele. Você não viu o que ele digitou no computador. Talvez o cara da Casa Lotérica esteja certo.

Pista 3 – Seu cartão nunca teve problemas. Mas três semanas depois que o Zégua mexeu em seu cadastro, você não consegue mais retirar seu dinheiro.

Pista 4 – No extrato não fala nada de cancelamento, portanto o pessoal de Brasília não deve saber o que aconteceu com seu cartão. Quem mexeu no seu cadastro foi o Zégua, semanas atrás, e não o pessoal de Brasília.

Pista 5 – Você vai falar com o Zégua e ele vem com uma conversa estranha de que seu cartão tá cancelado. Ora, é a palavra do Zégua contra uma mensagem que veio diretamente dos computadores de Brasília (acredita você). E o que o Zégua diz não tem nada a ver com a mensagem – até quem fez só o Mobral é capaz de interpretar esse texto.

Zégua explica que o sistema do governo está afirmando que o seu cartão foi cancelado por causa de renda familiar alta. Por que o cara da Casa Lotérica, que trabalha diretamente com a Caixa não falou a mesma coisa? Lá na Casa Lotérica tem uma antena parabólica bem grande, bonita, chique. E é por meio dela que o cara faz contato com o pessoal da Caixa. Já no departamento do Zégua tem uma antena pequena, feia, esquisita, uns garranchos sobre a casa que ele diz que é pra receber a Internet.

Pista 6 – Enquanto você monta os quebra-cabeças, toma conhecimento de que outras pessoas também tiveram o cartão cancelado, alguns dias depois de andar na sala do Zégua. Não pode ser coincidência.

Pista 7 – Então você resolve ligar para o 0800, naquele número que tá gravado atrás do cartão. A voz do outro lado confirma todas as suas suspeitas. Ela diz:

- O dinheiro foi enviado direitinho pra sua conta. Procure o Departamento do Bolsa Família de sua cidade. O problema é aí mesmo.

Pronto! Zégua, seu safado, você tá ferrado.

Conclusão: AS EVIDÊNCIAS INDICAM: O CULPADO DE TUDO ISSO É MESMO O ZÉGUA!

CONHEÇA AGORA A VERDADE (ou a versão do Zégua, como preferir).

01 – Logicamente, logo que seu cadastro foi atualizado, e a renda atual da sua família foi registrada (incluindo o salário da sua esposa, sua aposentadoria e outras rendas que você mesmo informou), o sistema do governo federal automaticamente, obedecendo as regras do programa, cancelou seu beneficio.

02 – Isso aconteceu depois da revisão cadastral, porque foi na revisão que sua atual renda foi informada.

03 – Zégua e seus colegas simplesmente digitaram as informações atuais sobre você e sua família e enviaram para Brasília – via internet.

04 – O cara da Casa Lotérica nunca fez uma capacitação sobre o complexo sistema do Bolsa Família e pensa que tudo se cria e se resolve no Departamento do Zégua.

05 – O pessoal do 0800 talvez nunca tenham lido nem a cartilha do programa e assim a conversa é sempre a mesma: PROCURE SEU MUNICÍPIO, O PROBLEMA É LÁ.

06 – O governo está preocupado é com a eleição do próximo ano e procura fugir de qualquer coisa negativa, qualquer responsabilidade, colocando uma mensagenzinha que não quer dizer nada, deixando todo o abacaxi para os municípios.

07 – Pra colocar mais gente no programa, mais gente tem que sair. Os que entram aplaudem o governo, os que saem continuam aplaudindo o governo porque estão convictos que os zéguas dos municípios é quem bagunçaram seus benefícios, mas se o atual governo permanecer no comando, vai dar um jeito na situação. Por isso, entrando ou saindo, os usuários do Bolsa Família continuam com confiança total no atual governo.

Nesse ambiente tão deprimente, é bom o Zégua e seus colegas começarem a procurar o Serviço de Proteção a Testemunha, ou então buscar um jeito de fugirem para um lugar desconhecido, um milhão de quilômetros do lugar onde a mãe de Judas perdeu a dentadura.

VELHOS DITADOS, NOVAS APLICAÇÕES... E ZÉGUA NA TACA

- A sorte de uns é o azar de outros – Outubro de 2009, quando muitos cartões foram cancelados e outros foram liberados para os novos beneficiários.

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- Aqui se faz, aqui se paga
Corrigindo: Em Brasília se faz, no Município de Igarapé Grande, o Zégua paga

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- As aparências enganam – A individua vem se cadastrar toda suja, com vestes rasgadas, chorando miséria; quando vai sacar o dinheiro do Bolsa Família na Casa Lotérica, chega de carro próprio, bem vestida, óculos escuros, celular na mão, olhando para a amiga e dizendo com desdém:
- Espere aí, Clotilde. Vou pegar meu beneficio para colocar de créditos no celular.

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- A minha liberdade acaba onde começa a liberdade dos outros.
Corrigindo: na terra do Zégua, os outros estão sempre em liberdade.

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- A galinha do vizinho é sempre mais gorda do que a nossa – Eu fiz o cadastro no mesmo dia que a minha vizinha, e o cartão dela já veio e o meu não. O que ela tem que eu não tenho?

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- A roupa suja lava-se em casa – Mas se faltou água, sabão e coragem a culpa é do Zégua.

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- Juntam-se as comadres, descobrem-se as verdades
– Essa mentirosa não tá mandando o filho pra escola, coisa nenhuma!
– Essa rapariga diz que não tem renda nenhuma, mas as duas filhas são empregadas da Prefeitura e moram com ela!
– Essa pilantra tá morando com meu marido e ele é aposentado!

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- O burro acredita em tudo o que lhe dizem – Principalmente quando quem fala é um pessoal que mora em Brasília e atende pelo telefone 0800.

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- Os últimos são sempre os primeiros – Os últimos que se cadastraram são os primeiros a atormentarem nosso amigo Zégua – Eu quero saber quando meu cartão vem!

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- Quando a esmola é grande o santo desconfia

- Oi, tudo bem? Como vai a família? Passei por aqui para te deixar essa merenda, sei que tá com fome. Aqui é ruim pra trabalhar, hein? Ah, já vou embora. Ah, ia me esquecendo. Passei na Casa Lotérica e não consegui tirar meu dinheiro. O que será que aconteceu, hein?

AS AVENTURAS DE ZEGUINHA – Episódio de hoje: O CABARÉ

Zeguinha querendo entender o que é um cabaré. Mariazinha explica:

- É um lugar onde se usa muito as palavras rapariga, cachorra, ladrão, @#$$%¨%, *&$#@, e #*&¨$. Ouvi mamãe falando com a amiga que dentro dum cabaré costumam acontecer brigas, discussões e tem muita sacanagem.
- Ah, já sei. É onde meu tio trabalha.
- Ele trabalha num cabaré? – Espantou-se Mariazinha.
- Só pode. Mas na parede tá escrito: DEPARTAMENTO DO BOLSA FAMILIA.

VAI MATAR TUA MÃE DE SUSTO, FI DUMA ÉGUA!

Uma das colegas do Zégua foi fazer uns exames de saúde no Hospital da cidade. Recentemente tinha levado sua filhinha para fazer o famoso teste do pezinho.
Agora imagine. A pessoa acabou de fazer uma série de exames rotineiros. Repentinamente chega um funcionário do Hospital, querendo falar com ela urgente. Como ela não estava em casa, quem deu o recado foi sua mãe.

Se você tivesse recentemente feito uns exames de saúde (juntamente com a filhinha) e de repente recebesse um recado de um funcionário da saúde, querendo falar com você urgente, o que você iria pensar? Como ficaria seu coração?

Sabe o que o individuo queria? Quando a senhora chegou ao hospital, ofegante, quase com os bofes pra fora, e perguntou o que tinha acontecido, o sujeitinho disse simplesmente:

- É sobre aquele cadastro do Bolsa Família, aquele daquela mulher pobrezinha lá do interior, blá! Blá! Blá!

O ESPIRITO DE MACACA ENDIABRADA

Terça feira, novembro de 2009, um dia cheio, dezenas de pessoas com problemas no cartão (principalmente depois da revisão cadastral). Aconteceu de tudo, mas o destaque foi pra uma senhora possessa, cuja história relatamos abaixo.

Ao retirar seu pagamento viu que o valor do beneficio tinha diminuído – o governo federal simplesmente liberou somente o pagamento do Bolsa Escola, já que pela renda familiar per capita o valor ultrapassou o limite estabelecido para a concessão do Bolsa Família. Tudo dentro das regras do programa. Mas a mulher ficou uma fera.
De repente chegou, desesperada, no Departamento do Bolsa Família, esbravejando, xingando, chamando a atenção de todo mundo.

- EU QUERO SABER QUE ROUBO É ESSE? NÃO SOU APOSENTADA, NÃO TENHO SALÁRIO, TODO MUNDO SABE COMO EU VIVO. NO POPULAR: EU VENDO MINHAS CARNES!
O ROUBO É AQUI! O DINHEIRO VEM PRA PREFEITURA, MAS AQUI, NESTA CIDADE O ROLO É GRANDE. EU VOU CHAMAR O PESSOAL DA RECORD!

E, durante quase uma hora, ela ficou repetindo a mesma história, sem aceitar nenhuma explicação, parecendo estar possuída por uma legião de demônios. Sem respeitar ninguém, furou a fila, e irrompeu na sala de digitação, descarregando toda sua raiva sobre o nosso amigo Zégua.

Este, tentando ser a pessoa mais calma do mundo, procurou explicar pra “endiabrada” como funciona o programa do governo federal. Mas é perda de tempo conversarmos com uma pessoa possessa, o melhor mesmo é montar uma sessão de exorcismo. Mas como o ambiente não estava propício para uma coisa tão séria, a única saída era tentar, pelo menos, sobreviver àquela investida maligna.

Diante das repetidas ameaças dela, de que iria trazer o pessoal da Record pra filmar, e descobrir as supostas falcatruas, Zégua respondeu:

- Tudo bem, pode trazer o pessoal da Record, mas se puder avisar antes, pra gente se produzir, fazer uma maquiagem básica, pra não aparecermos feios na televisão.

- VÃO PASSAR VERGONHA!!! – Foi a última frase dela, antes de deixar a sala.

No final do expediente, algumas das pessoas que trabalham no Departamento estavam com dor de cabeça, pois a pressão do dia foi terrível.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

SE...

Se você vive de plantão 24 horas por dia e ganha menos de quem nem pisa no local de trabalho, e mesmo assim vive como se trabalhasse no melhor serviço do mundo;

Se você, mesmo trabalhando num serviço que exige 100% de sua criatividade, ainda assim vive sorrindo diante de xingamentos e desaforos;

Se você consegue ser simpático com quem muitas vezes só não te mata porque está desarmado;

Se você não mede esforços para resolver os problemas dos outros, mesmo quando faltam as condições técnicas para que isto aconteça;

Se a Internet do seu local de trabalho não presta, e você depende muito dela, tanto que leva os serviços pra casa, pra tentar resolver usando sua internet (que, apesar dos pesares, ainda é muito melhor que a do seu trabalho, que é uma verdadeira piada);

Se não bastasse estar disponível a semana toda, ainda leva serviço pra casa, e muitas vezes é obrigado a trabalhar de noite, e ainda assim parece estar sempre satisfeito;

Se você faz o possível na vida para ser um cidadão honesto, ter uma reputação cristã, e ainda se controla diante de um filho do cão que, sem um pingo de cerimônia, afronta você e seus colegas, caluniando e difamando;

Quem é você, afinal?

Você não é normal não, meu filho. VOCÊ É DOIDO E TRABALHA NO DEPARTAMENTO DO BOLSA FAMÍLIA EM IGARAPÉ GRANDE, ESTADO DO MARANHÃO.

Inspirado em Rudyard Kipling, escritor inglês (1865-1936), autor, entre outras obras, de: MOGLI, O MENINO LOBO.

AS AVENTURAS DE ZEGUINHA – EPISÓDIO DE HOJE: AULA DE RELIGIÃO

- Crianças, hoje vamos estudar sobre um personagem muito ruim. Antes vou fazer algumas perguntas pra testar o conhecimento religioso de vocês.

Quem é que:
- Coloca as pessoas umas contra as outras;
- Coloca até irmão contra irmão;
- Incentiva as pessoas a mentirem muito;
- Faz as pessoas xingarem, caluniarem e difamarem seus semelhantes;
- Afasta as pessoas de Deus;
- Faz marido bater na mulher e nos filhos;
- Cria inimizades;
- Tira a paz do ser humano;
- Traz desespero, angústia, estresse;

Quem sabe a resposta? Ganha três pontos quem se levantar primeiro e responder corretamente.
Três crianças levantaram-se ao mesmo tempo.

Esterzinha disse:
- A cachaça!
Chiquinho disse:
- O diabo!
Zeguinha disse:
- O Bolsa Família!

DISK-ZÉGUA – DE PLANTÃO, PRA RESOLVER TODOS OS SEUS PROBLEMAS DO BOLSA FAMÍLIA... VÁ SONHANDO!!!

18 horas e 30 minutos. Zégua em casa, tentando relaxar, assistindo um seriado de TV, um seriado policial, daqueles que você não pode perder nenhuma cena, senão fica sem entender a história.
Bem, num momento bem emocionante da história, o telefone toca. Não na televisão, mas na casa do Zégua. Rapidamente ele vai atender (meio chateado, mas fazer o quê?). Quem sabe é algo importante?

- Alô?
- Alô? É da casa do rapaz que trabalha com o Bolsa Família?
- Sim – o “sim” saiu meio forçado, meio zangado, meio estressado.
- Eu sou a mulher que ligou na semana passada.
- Sim?
- Naquele dia que peguei seu endereço na internet pra dar pra mulher daqui que trabalha no Bolsa Família, pra resolver o problema do cartão da minha mãe.
- Aham...
- Eu queria seu endereço de novo, pois aquele não deu certo.
- Aham... anote aí. M, O,...
- Espere aí, vou pegar a caneta. Meu irmão vai falar com você.
- Aham... – E Zégua só pensando no filme, com vontade de bater o telefone.
- Alô? Pois é, vê se resolve nosso problema aí...
- Aham...
- Blá, Blá, Blá,...
- Aham...
- Blá, Blá, Blá,...
- Aham...
Alguns minutos mais tarde.
- Vou passar pra minha irmã.
- Aham...
- Alô? Tou com a caneta. Diga seu endereço na internet.
- M, O, R, ... – Zégua diz letra por letra porque sabe que está falando com pessoas que não tem costume com e-mails, internet, essas coisas.
- Espera ai, mais devagar... droga, a caneta não quer riscar – Escuta-se do outro lado um ruído, típico de uma coisa sendo friccionada contra um papel.
- Um momento!
RISK! RISK! RISK!
Tempo passando...
- Oi, você aguarda um momento. Vou pegar outra caneta. Vou passar pro meu irmão.
- Alô? Olha, vou desligar. Daqui a dois minutos, eu ligo de novo.
- Aham...
Alguns minutos depois.
- Alô? Pode dizer o endereço.
- M, O, R, G, ...
- M, O, R, G, ... – RISK! RISK! RISK! – Espere um pouco, a caneta não tá riscando. Já vai. Diga de novo.
- M, O, R, G, A, N, N, E, 7, 7, 7,
- 7, 7, 7, ... Três setes?
- Sim. 7, 7, 7, @...
- @, escreve aí, Cacildo – Fala a mulher pro irmão que estava anotando. Alguns segundos de quase silêncio. “Quase” por causa do RISK! RISK! RISK! – Ei, arrôba é aquele “azinho” dentro de um círculo – explica a mulher pro irmão. – O que mais?
- @, H, O, T, M, A, I, L, PONTO, COM...
- Anota aí, Cacildo. H, O, T, M, A, I, L, PONTO, COM... Não, menino! “Ponto” é só o pontinho, não é o nome não.
Depois da dura tarefa...
- Obrigado, moço. Vou pedir pra mulher entrar em contato com você. Vê se resolve logo o problema da minha mãe, a coitada tá muito doente.
- Tá, tchau!

Pois é, Zégua, de plantão, qualquer hora, qualquer lugar. E o filme? Bom, é melhor deixar essas coisas pros outros mortais. Vamos aproveitar o ensejo e disponibilizar agora o DISK-ZÉGUA.
Anote aí: 66-9231-4566.
Anotou? Que inocente! Pensou mesmo que Zégua iria divulgar seu telefone?
Zégua pode ser doido, mas não é besta.

Disk-Zégua? Só no dia em que Zégua virar um caçador de criminosos e um criminoso for qualquer mortal que cometer o OITAVO pecado capital: Falar, escrever, ou divulgar por qualquer meio a expressão: “BOLSA FAMÍLIA”.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

SALADA DE SITUAÇÕES - SORRINDO DA DESGRAÇA ALHEIA, HEIN?

ZÉGUA E AS CONFUSÕES DE UMA TÍPICA FAMÍLIA BRASILEIRA

- Eu vim aqui pra você tirar o nome do meu filho do cadastro daquela égua que %$&#$@#%%$#...

Mais tarde a “égua” chega com outra história.

- Olha aqui, meu filho, uma baixinha assim e assim (descreve a dita cuja) procurou você ontem?
- Sim.
- É o seguinte, meu filho: Aquela rapariga que @#$&%$#@ me deu o menino pra criar assim que ele nasceu. Agora que ele tá criado quer levar ele de volta, ah, não!
- Senhora, é melhor vocês procurarem o fórum...
- Vou procurar sim, e se aquela %$#%$#@@#$$ aparecer por aqui diga que eu mandei ela #$@$%¨&%$...

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- Oi, quero tirar o nome do meu marido do meu cadastro.
- Por que?
- Porque aquele $#@##$$$$#$#&% tá morando com aquela piranha da xxxxxxx.
- Mas e se ele voltar pra senhora?
- Olha aqui, meu filho. Lá em casa aquele &¨%$%#$%% não pisa nunca mais!

TRÊS SEMANAS DEPOIS, lá está a mesma mulher, toda desconfiada...

- Oi, quando a gente tira o nome de uma pessoa do cadastro, tem como botar de novo?

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ZÉGUA, O FILÓSOFO

- No Bolsa Família quem espera... desespera!
- No Bolsa Família quem espera, sempre alcança... mesmo que depois de cinco anos!
- Dize-me quanto ganhas... e eu te direi se te cadastro ou não.
- A mentira tem pernas curtas... mas no Bolsa Família ela tem asas.
- Quem trabalha Deus ajuda... Quem não trabalha, o Lulla ajuda.
- Briga de marido e mulher... só termina quando o Bolsa Família é desbloqueado. (Vocês podem até achar que estou exagerando, mas nosso amigo Zégua já foi acusado até de ser o provocador da separação de um casal. Já contamos essa história antes, na seção “Pérolas do Bolsa Família”. Procure neste blog).

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ZÉGUA, O IMPIEDOSO

Antigamente quando o cartão de alguém era cancelado por razões bem evidentes (tipo renda superior, aposentadoria, etc.), nosso amigo Zégua preparava bem o ambiente para dar a noticia, conversando com a pessoa com toda a calma possível, mostrando no computador como funciona o programa Bolsa Família, para quem é destinado, etc.

Mas ultimamente a paciência de nosso herói está por um fio. Pessoas que não merecem receber (e que muitas vezes mentem descaradamente ao informar a renda da família), costumam chegar em nosso Departamento zangadas e estressadas.

- Eu queria saber por que não tirei meu dinheiro hoje.
- Passei várias horas na fila e quando chegou a minha vez não tirei nada. Me disseram que o problema é aqui.
- Eu quero saber por que bloquearam meu cartão?
- Me disseram que vocês estão com o meu dinheiro.

Em outras épocas, Zégua responderia da forma como descrevemos acima. Mas hoje parece que o rapaz não tem mais coração. Na verdade, ele está é cansado de ser acusado de mentiroso, ladrão e coisas parecidas. E suas respostas estão na ponta da língua:

- Seu cartão tá cancelado. Não presta mais. A senhora pode guardar se quiser, mas só vai servir de enfeite.
- Pode jogar fora seu cartão, quebrar, queimar, dar pra criança brincar ou pregar na parede como lembrança.
- Seu cartão tá cancelado, não tem mais jeito, não insista, deixe isso de mão.
- A senhora tá vendo aquele lixeiro ali?... Se não tiver coragem, eu mesmo jogo.

Zégua, com o cartão da senhora na mão, vira-se para uma colega e pergunta:
– Cadê aquele isqueiro e aquele álcool que eu pedi pra você guardar pra ocasiões especiais como esta?
É claro que ele nunca destruiu e nem pretende destruir o cartão de ninguém... mas é melhor não facilitar.

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MULTIPLICIDADE CADASTRAL - COISA QUE DÁ NOS NERVOS

Zégua vai atualizar um cadastro e aparecem cinco interligados.

O filho da beneficiária do cadastro 1 está casado com a beneficiária do cadastro 2, que é filha da beneficiária do cadastro 3, que mora com o marido da beneficiária do cadastro 4, que se juntou com o filho da beneficiária do cadastro 5.

Então, para atualizar um cadastro, nosso amigo é obrigado a atualizar cinco de uma só vez, pois, nessa situação, o programa não aceita o conserto de apenas um.
Mas desgraça pouca é bobagem. A beneficiária do cadastro 3 está sem CPF e Título Eleitoral (dois documentos essenciais), e o programa não aceita a falta dessa informação.

PENSAMENTO POSITIVO - Ah, mas é só pegar o formulário preenchido para encontrar as informações, certo?
A REALIDADE - Quem dera! Com as recentes mudanças de prédio, alguns cadastros desapareceram e o que estamos precisando foi um deles.

PENSAMENTO POSITIVO - Ah, então manda chamar a responsável, para trazer os documentos e atualizar os dados.
A REALIDADE - Acontece que a individua foi embora pra outra cidade há seis meses e nem levou a transferência.

PENSAMENTO POSITIVO - Ah, então pede para os parentes entrar em contato com ela.
A REALIDADE - Ela se mudou para um povoado que não tem nem orelhão telefônico.
E agora?

Por causa de um só cadastro, não é possível atualizar os outros quatro. Essa é a hora de Zégua tirar do seu cofre secreto suas mais criativas artimanhas. Se existe uma coisa positiva nesse estressante trabalho é que você é obrigado a ser mais criativo do que um ilusionista hollywoodiano.

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LENDAS DO ZÉGUA – COMO INCENTIVAR AS CRIANÇAS A ESTUDAR?

- Meu filho, por que você se tornou tão dedicado aos estudos recentemente?
- Mamãe, eu tenho que estudar. Eu PRECISO estudar. Deus me acuda se eu não estudar. Prefiro morrer do que deixar de estudar.

A mãe ficou muito curiosa.
- Mas, meu filho. Por que de repente essa vontade tão louca pra estudar? Você que só era o primeiro da classe no dia em que faltava o restante da turma...
- Mamãe, hoje na escola a professora apresentou um vídeo, mostrando a vida de uma pessoa muito trabalhadora. Mostrou o dia-a-dia dela, no serviço. No final a professora nos disse:
- Estão vendo, meninos? Este aqui tem este tipo de serviço porque não estudou para passar num concurso decente.
- Que vídeo era esse, meu filho?
- A VIDA DE ZÉGUA.

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ALGUMAS DIFERENÇAS ENTRE ANTIGAMENTE E HOJE

Antigamente...
- Obrigado, amigo. Põe tudo no meu cartão (um rico falando pro funcionário do Shopping).

Atualmente...
- Obrigado, amigo. Põe tudo no meu cartão (um pobre falando pro comerciante, que tem o péssimo hábito criminoso de ficar com o cartão do Bolsa Família como refém).

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Antigamente...
- Bom dia, filho. Cadê seu pai?
- Tá trabalhando.

Atualmente...
- Bom dia, filho. Cadê seu pai?
- Tá gastando o dinheiro do Bolsa Família no Bar do Zezão.

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Antigamente...
- Meu filho, vá pro quarto. Seu pai tá nervoso hoje. O time dele perdeu.

Atualmente...
- Meu filho, vá pro quarto. Seu pai tá nervoso hoje. O cartão do Bolsa Família foi bloqueado.

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Antigamente...
- Quando crescer, meu filho vai ser doutor. Faço tudo pra ele não perder aula...

Atualmente...
- Se meu cartão não for desbloqueado não vou mais mandar as crianças pra escola.

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Antigamente, numa reportagem de televisão...
- Estamos aqui com a família da senhora Severina, que não desanima com as dificuldades do dia a dia e tem prazer em enviar seus filhos pra escola todos os dias. As crianças têm que atravessar um grande percurso, passar por uma ponte velha, uma trilha perigosa, perto do rio, passar por dentro da mata e tudo isso a pé. As crianças saem de casa ainda de madrugada, andam mais de 10 quilômetros a pé, blá, blá, blá, blá...

Atualmente...
- O Conselho Tutelar recebeu uma denúncia de uma vizinha que afirma que a senhora Severina não está deixando os filhos ir pra escola. Vamos tentar falar com ela. Dona Severina, por que a senhora não manda os filhos pra escola?
- Como, meu filho? As crianças não têm como se vestir, comprar caderno, comprar...
- A senhora recebe algum beneficio do Governo Federal?
- Ah, meu filho, mas aquele dinheiro não dá pra nada, e...
- Dá mesmo não! – Grita a vizinha – Ela tá usando o dinheiro pra pagar a prestação do aparelho de som que comprou.

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UM CARTÃO NATI-MORTO

Sabe quando uma criança nasce morta? Melhor seria dizer que foi retirada morta.
De vez em quando acontece coisa parecida com os cartões do Bolsa Família.

Exemplo: A senhora foi cadastrada há cinco anos. Na época ainda não era aposentada. Hoje, cinco anos depois, seu cartão chegou. Saltitando de alegria ela foi sacar o beneficio, mas voltou decepcionada. O cartão está cancelado. Como assim? Nesses últimos cinco anos, muitas coisas aconteceram e a senhora se aposentou. Rapidamente o sistema do governo descobriu que ela é aposentada e cancelou seu cartão... mesmo assim enviou o dito cujo só pra criar confusão pra cima do Zégua.

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SE A MODA PEGA...

- Meu filho, não sei mais o que fazer. Faz tempo que meu cartão tá bloqueado. Já fiz de tudo. Todos os dias, às 5:00 horas da manhã, na hora da oração daquele pastor, aquele que ora e acontece os milagres... pois é, todos os dias, às 5:00 horas, na hora da oração, eu coloco o cartão do Bolsa Família sobre a televisão.

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DINHEIRO QUE FAZ MILAGRE

- Meu filho, por favor, faça alguma coisa, desbloqueie meu cartão, senão não posso pagar meu sindicato e minha funerária - suplica uma senhora aposentada.

Zégua imagina que ela deve receber mais de R$ 100,00 pra estar nesse desespero. Quando olha na folha de pagamento, se contêm pra não sorrir.
Todo o dinheirão é apenas R$ 22,00.
- Sabe cumé, meu fio, 22 reais já ajuda muito, Rê! Rê! Rê!