Apresentando o senhor ZÉGUA

Apresentando o senhor ZÉGUA

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

ZÉGUA, O “JACK BAUER” DO BOLSA FAMÍLIA

NA PRESSÃO... NO LIMITE... NO FIM DA LINHA...

Jack Bauer é um personagem vivido pelo ator Kiefer Sutherland na série “24 horas”, apresentado na TV aberta geralmente em janeiro de cada ano, pela Rede Globo. Conta as aventuras de um agente especial do governo americano, especializado no combate ao terrorismo. Jack parece o homem mais azarado do mundo, pois muitas vezes (sempre) tem que resolver vários problemas ao mesmo tempo. Exemplo: Em um só episódio tinha que proteger um candidato à presidente (dos EUA), descobrir quem estava por trás da conspiração, descobrir um traidor em sua própria equipe, descobrir para onde levaram sua esposa e filha (pois é, no meio de tantos problemas ainda seqüestraram a família do rapaz). Daqui a pouco é contatado pelos terroristas que fazem a seguinte exigência: OU VOCÊ MATA O CANDIDATO À PRESIDÊNCIA OU MATAMOS SUA ESPOSA E FILHA – E NÃO FALE COM NINGUÉM – ESTAMOS VIGIANDO VOCÊ O TEMPO TODO!

Bem, onde entra o Zégua nisto tudo?
Recentemente começou mais uma campanha de revisão cadastral (com prazo final até 31 de agosto de 2009). Justamente nesse período “agoniado” os gestores do Município resolveram fazer uma mudança radical: mudaram a Prefeitura para o prédio do antigo hospital (um bem novinho foi construído recentemente). Todas as secretarias mudaram de endereço. O Departamento responsável pelo Bolsa Família também mudou – para um local sem internet, sem ar condicionado e totalmente carecendo de uma grande reforma.
Bem, o tempo se esgotando, o povo pressionando o Zégua e sua equipe (afinal todo dia a mensagem estava lá no extrato do usuário: SEU CADASTRO PRECISA SER REVISADO... OU SERÁ BLOQUEADO EM SETEMBRO!).

Cidade pequena, todo mundo se conhece... Zégua e sua equipe sem paz, parecendo celebridades, sendo interrogados toda hora em todos os lugares possíveis (vejam alguns exemplos na postagem intitulada: PÉROLAS DO BOLSA FAMILIA).

Como os antigos computadores estavam bem ultrapassados, o Departamento conseguiu dois computadores novos... e o tempo se esgotando... tic, tac, tic, tac...

Chega agosto, o mês final para a revisão. A mudança foi realizada, o Bolsa Família está agora no “novo” prédio (mais de 50 anos), numa sala forrada, sem ventilador e sem ar condicionado. Começa a revisão... tic, tac, tic, tac...

Dois computadores novinhos em folha... todos os programas básicos precisam ser instalados... a pressão aumenta...

Zégua tentando instalar o programa do CadÚnico, precisando de muita concentração, o povo gritando de todos os lados: “POR QUE MEU CARTÃO NUNCA VEIO?”, “POR QUE MEU DINHEIRO ABAIXOU?”, “POR QUE ESTÃO DIZENDO QUE MEUS FILHOS NÃO ESTÃO FREQUENTANDO A ESCOLA?”, “POR QUE MINHA VIZINHA TEM A MESMA QUANTIDADE DE FILHOS E EU RECEBO MENOS QUE ELA?”, “MEU CARTÃO FOI BLOQUEADO, LIGUEI PARA O 0800 E DISSERAM QUE O PROBLEMA É AQUI,”, etc.

Zégua tentando instalar os programas... o programa antivírus é muito bom e não deixa o CadUnico ser instalado (geralmente os aplicativos do Bolsa Família vêm carregados com uma tonelada de vírus). Zégua tenta instalar de toda forma possível... o antivírus não deixa... só há uma saída: desativar (ou desinstalar) o antivírus, pelo menos até completar a instalação do CadUnico. É um risco para o computador, mas não tem outro jeito. Antivirus desinstalado. CadUnico instalado. Ufa! Ufa o quê?

Computador começa a se estranhar. Alguns programas não funcionam. Antivírus não instala mais. Opção “restaurar sistema” não funciona. Zégua atualizando os cadastros e preocupado. Tic, tac, tic, tac...

A pressão aumenta. Computador piora. Zégua continua digitando os cadastros, mas muito preocupado. Já atualizou mais de 100 cadastros (ele costuma digitar rápido – também numa pressão dessas!). Zégua sabe que precisa enviar logo os dados digitados para a base em Brasília, pois o computador não está de confiança e a qualquer momento poderá pifar. Mas tem outro problema: os caras responsáveis pela instalação da internet (que moram em outra cidade) ainda não chegaram (apesar de insistirmos todos os dias e mostrarmos que a coisa é séria!).

O tempo se esgotando, o computador ameaçando parar a qualquer momento, Zégua tentando atualizar os cadastros, e a internet nem sinal de vida.
Três semanas antes do prazo final. Os caras da internet chegam. Internet instalada. Rapidamente Zégua envia os dados atualizados. Depois tenta acessar o SIBEC (O sistema via internet para consulta e manutenção dos benefícios do Bolsa Família). Bem, Zégua coloca a senha, mas não consegue acessar. Tenta abrir seu e-mail. Coloca a senha, mas não consegue acessar. Tenta acessar outro programa ligado ao MDS (Ministério do Desenvolvimento Social). A página abre normalmente, mas só até o momento da senha. Nada mais. Zégua preocupado. Tic, tac, tic, tac.

Resolve deixar esse problema pra depois e continua atualizando os cadastros (mas seriamente preocupado). Então, de repente, algo inusitado. O computador reinicia sozinho. Zégua acha que, sem querer, apertou alguma tecla errada. Mas logo depois o computador reinicia novamente. E outras vezes. E mais vezes. Pelo menos de 20 em 20 minutos. Tic, tac, tic, tac.

Tempo se esgotando. Dois computadores novinhos, mas cheios de problemas. Um reinicia sozinho, o outro só desliga se arrancarmos a tomada da parede, vários programas não funcionam, alguma coisa está errada. Tic, tac, tic, tac.

Internet não funciona mais. A tela do computador fica azul, cheia de bolinhas. A conclusão sinistra: PRECISAM SER LEVADOS URGENTEMENTE PARA A ASSISTÊNCIA TÉCNICA – ainda bem que ainda estão na garantia! Ainda bem? Tic, tac, tic, tac.

PÉROLAS DO BOLSA FAMILIA - As hilárias aventuras de Zégua e sua equipe

JÁ QUE O BOLSA FAMILIA QUER NOS MATAR DE ESTRESSE... POR QUE NÃO USÁ-LO PARA NOS MATAR DE RIR?

Várias situações hilárias envolvendo o Bolsa Família no Município de Igarapé Grande, Estado do Maranhão. Certamente você (que trabalha nesse “abençoado” Departamento) também já passou por situações parecidas – ou, quem sabe, ainda mais hilárias. Conheça agora as loucas aventuras de Zégua e sua equipe.

COISAS DA VIDA...- Eu vim aqui pra você tirar o nome do meu marido do meu cadastro – diz a senhora, bastante irritada.
- O que aconteceu com ele?
- Me deixou com um bocado de filhos e tá morando com a amante...
Algumas semanas depois, a mesma senhora aparece, falando baixo e com a cara de gente desconfiada.
- Oi, eu queria que você colocasse o nome do meu marido no meu cadastro de novo... é que nós voltamos...

SEU FLOR E SUAS DUAS MULHERES...
A cadastradora pediu o documento do marido. A mulher ficou imóvel uns segundos, olhou desconfiada para várias direções, visivelmente constrangida. Havia várias pessoas sendo cadastradas (era uma campanha de atualização cadastral). Uma senhora ao lado, falou, quase gritando:
- Como é que ela vai ter o documento se o marido é meu?
Constrangimento geral. A outra olha de volta e grita:
- Marido teu não, marido meu! – E a “oficial” gritou de volta:
- É porque tu tomou de mim!
E o clima ficou pesado. Até que a amante pegou seus documentos e foi embora. A “oficial” não ficou calada:
- Se ela tiver que conseguir alguma coisa com os documentos do meu marido, não vai conseguir nunca.

ESPIRITO DE PORCO
Durante o cadastramento, um cara acendeu um cigarro (cigarro não, um “porronca”), e, sem nenhuma cerimônia, soltou a fumaça no rosto da cadastradora. A colega estava sufocando com a fumaça (pois tem problemas alérgicos). A amiga ao lado pediu:
- Moço, apague seu cigarro, minha colega está passando mal. – O mal-encarado simplesmente respondeu:
- Eu quero é que ela morra!

CONCLUSÃO PRECIPITADA
A mulher zangada, olhou os formulários do cadastro na mesa, viu o cadastro dela e disparou:
- Tem razão o meu cartão nunca ter chegado. Vocês nunca mandaram meu cadastro pra Brasília.

A MEMÓRIA DO BRASILEIRO
Situação muito freqüente. Quando interrogado sobre a data de nascimento, o usuário responde:
- Um momento. Deixa eu procurar meu documento aqui.
O pior é que são pessoas bastante jovens (muitas têm menos de 30 anos e não lembram da data de nascimento).

SOU BRASILEIRA... NÃO DESISTO NUNCA!
- Fui tirar meu dinheiro e o moço da casa lotérica disse que foi cancelado.
Depois de tentar entender o porque do tal cancelamento (examinando a base, o SIBEC, tudo que é possível), Zégua, nosso funcionário sangue-de-barata, não consegue chegar a uma conclusão. Atualiza o cadastro dela (mesmo sem encontrar nenhum erro) e pede pra senhora aguardar uns dias.
Algumas horas depois.
- Oi, você poderia olhar esse cartão pra mim? – É a mulher do vice-prefeito – é que uma senhora me procurou hoje, pedindo uma explicação para o cancelamento do seu cartão.
Quando Zégua olha o cartão é o mesmo da senhora anterior. Daqui a pouco a cara dela aparece lá no canto da porta, meio desconfiada. Zégua responde:
- Olha, eu já expliquei pra ela que, no momento não sabemos o que aconteceu, mas atualizei o cadastro dela e vou aguardar o arquivo retorno.
Mais tarde, quando estava na rua, Zégua ouviu alguém chamá-lo.
- Ei, faz favor – é um dos vereadores da cidade. Ele se aproxima, mostra um cartão Bolsa Família e diz – Eu queria que tu desse uma olhada nesse cartão aqui...
Zégua se contém para não dizer alguma besteira. É o mesmo cartão da senhora persistente.


CONFUSÃO MENTAL I
A mulher chegou de repente e muito zangada (se tivesse armada teria atirado em todo mundo). Olhou para a funcionária e disse:
- Fique a senhora sabendo que eu não sou aposentada, não tenho renda nenhuma, vivo de quebrar coco, sou muito necessitada...
A funcionária tentava dizer alguma coisa, mas a senhora falava tal qual os disparos de uma metralhadora:
- Sou uma pessoa muito pobre, a senhora não devia ter bloqueado meu cartão...
- Minha senhora... – tentou falar a funcionária.
- Os “menino” precisam de material pra escola, estamos passando fome...
- Senhora, eu...
- Não temos o que comer, e a senhora bloqueou meu cartão...
- Olha, senhora, eu...
- Eu gostaria de saber porque você bloqueou meu cartão...
Quando a senhora zangada parou para respirar um pouco, a funcionária aproveitou a chance:
- Olha, minha senhora. EU NÃO TRABALHO COM O BOLSA FAMILIA. A senhora precisa procurar a Secretaria de Assistência Social.
- Aqui não é a Prefeitura?
- Sim, mas...
- Eu liguei pra aquele número que tem atrás do cartão e a moça me disse que quem bloqueou meu cartão foi a Prefeitura.
Quando ela chegou no Departamento do Bolsa Família, estava já sem fôlego e não pôde xingar mais ninguém (pois havia descarregado toda a raiva na pobre funcionária da Prefeitura).

CONFUSÃO MENTAL II
A mulher chega irritada e diz:
- Por que você bloqueou o meu cartão?
- Que cartão, senhora?
- Que cartão? Ora, meu cartão do Bolsa Família.
- A senhora está me confundindo com outra pessoa.
A mulher olha para uma pessoa ao lado e diz:
- E ele ainda tem a cara de pau de negar que é ele.
(A coitada simplesmente confundiu um funcionário do Departamento de Saúde com o Zégua).

SENHOR, EU PRECISO DE PACIÊNCIA... AGOOOOOOOOOOOOOORA!!!
Imagine ter que ouvir, durante 15 minutos uma senhora contar sua história triste, melancólica, deprimente, desesperadora... tentando nos forçar pela emoção a resolver rapidamente seu problema no cartão.
Agora imagine essa senhora ter um problema na garganta e o timbre de sua voz ser uma mistura de rouquidão com sussurro (algo bem irritante mesmo).
Agora pense nessa senhora com a irritante mania de, ao concluir sua história, repetir tudo... não uma, mas até três ou mais vezes... Haja paciência! Às vezes, somos obrigados a ouvi-la durante mais de uma hora... o pior é que ela é zangada e não é fácil despachá-la...
E, pra completar, o problema dela é daquele em que o SIBEC afirma que ela possui RENDA SUPERIOR... ela jura que não e na nossa base também não existe essa renda...
Uma vez eu perguntei se ela não estava jogando na MEGA SENA...
- Talvez a senhora tenha ganhado um dinheirão e só o pessoal do MDS está sabendo.

CARTÃO BOLSA FAMILIA – O NOVO RICARDÃO
A mulher, zangada, aproximou-se de Zégua e disse-lhe:
- Você será o responsável pela separação de um casal.
- O quê?!!! – Ele ficou quase paralisado de espanto. A mulher explica:
- O marido dela disse que, se o cartão dela não for desbloqueado, ele irá se separar dela.

AFINAL, ONDE A SENHORA MORA MESMO, HEIN?- Bom dia, eu quero incluir meu filho mais novo no meu cadastro.
- Pois, não. Qual seu endereço?
- Rua Trem Azul.
Zégua procura, procura, e nada.
- A senhora tem certeza que o endereço é esse mesmo?
- Ah, agora me lembro: quando me cadastrei morava na Rua das Flores.
- Tudo bem – Zégua torna a procurar o cadastro. Alguns minutos depois.
- Não encontrei nada nesse endereço.
- Ah, me lembrei agora. Quando me cadastrei tinha me mudado há pouco tempo para a Rua da Esperança.
- Tudo bem – Zégua, começando a soltar fumaças “pelas ventas”, segue até a seção da rua indicada e alguns minutos depois retorna desanimado.
- Vamos com calma. Me diga os nomes de todas as ruas e povoados onde a senhora já morou.
Logo depois ele sai com uma lista, esperançoso de, desta vez, encontrar a dita cuja.
Mais tarde, volta todo suado, cansado e irritado.
- Sinto muito, mas não encontrei seu cadastro. A senhora lembra de ter feito a revisão no ano passado?
- Lembro.
- Onde foi que a senhora fez?
- Ah, na Lagoa dos Bagres.
- Como é que é? – o sangue sobe na cabeça de Zégua .
- Eu me mudei para a Lagoa dos Bagres faz três anos.
A dita cuja tinha se transferido para outra cidade há três anos, estava de volta à cidade de origem e não tinha trazido a nova transferência.
* Obviamente, os nomes das ruas e cidades foram trocados por nomes fictícios, POR QUESTÃO DE SEGURANÇA NACIONAL (segurança do Zégua, evidentemente).

BOLSA FAMILIA – PERSEGUIÇÃO IMPLACÁVEL I
Final de semana. Zégua vai fazer a feira (como todo pacato cidadão brasileiro). Entre uma banca e outra, várias pessoas se aproximam e dizem:
- Ei, eu queria saber porque você cancelou meu cartão?
- Ei, você é o rapaz que conserta cartão?
- Oi, nesta semana fui sacar meu dinheiro e só tirei R$ 20,00. Por quê?
- Oi, lembra de mim? Liguei para aquele número e me disseram que o problema é aqui mesmo.
No dia seguinte é feriado municipal. O pobre Zégua aproveita e vai fazer umas compras na cidade vizinha. Está numa loja olhando as novidades quando um senhor se aproxima:
- Eu poderia falar com você?
- Pois não.
Então uma senhora se aproxima, dizendo:
- É que eu gostaria de saber o que aconteceu com este cartão...
Zégua sai e entra em outro comércio. Está folheando umas revistas, quando...
- Ei, já resolveu aquele meu problema?
- ???
- Aquele, daquele dia, o dinheiro que “baixou”.
- Ah, sim... (ele diz algo qualquer, mas em pensamentos gritava: VÁ ROUBAR OUTRO!).
Está na rodoviária, aguardando uma VAN para retornar à sua amada cidade, quando... (MÚSICA DE SUSPENSE)... uma senhora se aproxima:
- Você é o rapaz que conserta cartão?

BOLSA FAMILIA – PERSEGUIÇÃO IMPLACÁVEL II
Domingo, na Igreja.
Zégua, que é membro de uma Igreja Evangélica, estava domingo de manhã, às 10:00 horas aproximadamente, ministrando para uma classe de jovens e adultos. É a tradicional Escola Bíblica Dominical, realizada todo domingo pelas igrejas evangélicas.
Enquanto Zégua está concentrado, explicando as lições bíblicas, alguém aparece na porta da igreja e faz gestos chamando alguém (ele está apontando para Zégua).
Alguém se levanta e vai atender o recém-chegado. Volta logo depois, e diz para Zégua:
- Ele queria saber quando será o cadastramento?
O sangue sobe na cabeça de Zégua.
“Essa não! Até aqui na igreja?”

BOLSA FAMILIA – PERSEGUIÇÃO IMPLACÁVEL III
Meio dia e alguns minutos. Zégua está almoçando quando chega alguém.
- O Vice Prefeito quer falar com você urgente.
O pobre Zégua deixa o prato de arroz sobre a mesa, limpa os cantos da boca e sai irritado (quem manda morar perto da Prefeitura?).
Ao chegar no gabinete do Vice Prefeito, este simplesmente diz:
- Resolve o problema do cartão dessa senhora aí.

ZÉGUA ENFRENTA O SISTEMA (Situações ocorridas entre os anos de 2007 a 2008)

CENA I

Uma senhora passa seu cartão Bolsa Família no caixa da casa lotérica e sai apenas um extrato com uma mensagem misteriosa: “PRÓXIMO PAGAMENTO, VIDE CALENDÁRIO DE BENEFICIOS”.

Ela pergunta o que significa e o funcionário recomenda que a mesma procure a Caixa, em Pedradas, uma cidade vizinha.

Obrigada a pedir dinheiro emprestado (para pagar a passagem de ida e volta), a senhora “morta de preocupada” segue até a Caixa. Ao chegar, depois de aguardar na fila mais de uma hora, escuta do funcionário, com toda frieza possível:

- O Problema é no Município da senhora. Procure a Prefeitura.

A pobre começa a ficar mais preocupada e também zangada. Soltando “fumaças pelas ventas” volta pra casa, e de cabeça quente procura a Prefeitura. Lá chegando, um funcionário (que não tem nada a ver com o programa) a envia à Secretaria Municipal de Assistência Social, especialmente para o Departamento do Bolsa Família.

Cada vez mais furiosa, achando que está fazendo parte da velha brincadeira “toque o besta pra frente”, a senhora chega super-estressada, afirmando com toda segurança que seu cartão está bloqueado e que a culpa é dos funcionários da Assistência Social, responsável pelo Bolsa Família.

E os funcionários terão que ter muita paciência para entender o que está acontecendo.

CENA II

Em vez de ir até a Caixa em Pedradas, a pobre senhora resolve ligar para o famigerado 0800 que está inscrito atrás do cartão Bolsa Família. Aguardando ansiosa pela resposta, escuta simplesmente:

- O problema é no Município da senhora. Procure a Assistência Social.

E a velha senhora chega, ansiosa para que seu problema seja resolvido.

CENA III

Ao ligar para o 0800, escuta o funcionário dizer:

- Olha, senhora, seu dinheiro está sendo repassado para sua conta normalmente. O problema deve ser aí no seu Município.

A senhora chega, com olhares acusatórios, já afirmando:

- Não consegui tirar meu dinheiro, liguei para o 0800 e disseram que o problema é aqui. Disseram que meu dinheiro está vindo normalmente, mas que o problema é aqui.

Zégua respira fundo e pede paciência pra Deus.

CENA IV
- Fui sacar meu dinheiro e apareceu a mensagem: “PRÓXIMO PAGAMENTO, VIDE CALENDÁRIO DE BENEFICIOS” – diz a senhora, ao telefone.

- Ah, é porque alguém já deve ter sacado o dinheiro da senhora – responde o funcionário do outro lado, talvez interrompendo um alegre bate papo com os colegas, ou concentrado, fazendo tricô – a senhora deve procurar o pessoal da Assistência Social.

E a senhora, soltando fumaças por todos os lados, chega repentinamente ao departamento do Bolsa Família:

- Não consegui sacar meu dinheiro, liguei pra Brasília e me disseram que alguém já tirou. Disseram também que o problema é aqui.

Depois de ter “agüentado” várias acusações parecidas, Zégua olha nos olhos da senhora e diz:

- A senhora acha que nós é quem sacamos o seu dinheiro?

- Não estou dizendo isso, só estou falando o que o pessoal de Brasília me disse. Alguém pegou meu dinheiro e alguém tem que dar conta.

- Olha, senhora, infelizmente, essa história tem se repetido, e não sabemos mais o que fazer. Veja seu cadastro aqui – ele abre o programa do Cadastramento Único e mostra que o cadastro dela está normal, todo mundo da família incluído, nada de errado.

Acessa o SIBEC (Sistema de Benefícios do Cidadão, um serviço on-line que auxilia no programa BF), e depois de aguardar que sete janelas se abram encontra a seguinte mensagem: “PAGAMENTO EXCLUIDO”. Olha na janela de motivos e encontra: “RENDA PER CAPITA SUPERIOR”.

Vira-se para a senhora e pergunta:

- A senhora é aposentada?

Ela pára por alguns segundos significativos, respira fundo e responde:

- Sou, mas conheço gente que tem dois aposentos e recebe o Bolsa Família, blá, blá, blá, etc.

Recusando-se a crer que foi excluída, por causa da aposentadoria, ela insiste, denuncia a vizinha, a tia, os demais parentes (que alegadamente estão recebendo e tem alguém aposentado). Zégua tenta, inutilmente, convencê-la que a pessoa não é excluída simplesmente por ser aposentada, mas que existem algumas condições. Se é um aposentado, numa família de quatro pessoas, tem direito a receber o BF (renda per capita permite, etc.); se uma família de cinco pessoas possui duas aposentadorias, o cartão é bloqueado, etc. São as normas do programa.

A senhora finalmente vai embora, e Zégua fica se perguntando:

“Por que o pessoal do 0800 não informou a verdade pra ela? O que custava dizer que ela foi excluída por causa da aposentadoria, etc. Teriam evitado uma série de problemas”.

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MENSAGEM PARA O MDS (Certamente alguém de lá vai ler isso):
- Uma pequena sugestão: POR QUE, QUANDO VOCÊS BLOQUEIAM (OU CANCELAM) O BENEFICIO DE ALGUÉM (OU ATÉ MESMO DIMINUEM O VALOR DO BENEFICIO) NÃO INFORMAM OS MOTIVOS NO EXTRATO? Mas, talvez por covardia, simplesmente colocam as seguintes mensagens cabalísticas:
“PAGAMENTO BLOQUEADO \ MANUTEN BENEF SIBEC”
“PRÓXIMO PAGAMENTO, VIDE CALENDÁRIO DE BENEFICIOS”
“PAGAMENTO EXCLUIDO”
Etc.
O que custava dizer que a pessoa foi bloqueada ou cancelada e ESCLARECER LOGO NO EXTRATO OS MOTIVOS DISSO TER ACONTECIDO? Facilitaria muito para nós, pois, na maioria das vezes, a pessoa chega zangada, porque ligou para o tal 0800 e o pessoal lá (com preguiça de pesquisar ou porque está ocupado fofocando ou fazendo tricô) simplesmente diz: “O PROBLEMA É NO MUNICÍPIO DE VOCÊS. PROCUREM A ASSISTÊNCIA SOCIAL. FORAM ELES QUE BLOQUEARAM O SEU BENEFICIO, etc.”. Ta na hora de mudarem radicalmente esse 0800 ou acabarem com ele (o que seria ótimo para a nossa reputação).

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CENA V

Ao olhar no SIBEC, Zégua nota que o beneficio da senhora foi cancelado, e os motivos são: RENDA PER CAPITA SUPERIOR.
Acontece que a senhora é conhecida de todo mundo, e mal tem “onde cair morta”. Zégua consulta a base do Cadastramento Único, para saber se algum valor foi digitado de forma indevida. Quem sabe, na hora de digitar R$ 20,00 foi colocado R$ 200,00 ou pior, R$ 2.000,00?

Mas não! As informações no cadastro estão corretíssimas. Nenhuma renda alta. Em alguns casos, nem “renda baixa”. Ele olha para a senhora e diz, sorrindo:
- Será que a senhora não ganhou na mega-sena e não está sabendo? O negócio é o seguinte: O governo está achando que a senhora tem alguma renda alta, aqui no cadastro não está informado isso, e todos sabemos que a senhora não é aposentada, ninguém na sua família é, e ninguém tem renda nenhuma. Ligue novamente para o 0800, exigindo que eles revelem que renda alta é esta que dizem que a senhora tem.
Resultado: Insistem que o problema é no Município. Ou mudam de tática, afirmando: seu pagamento foi excluído. Essa exclusão foi realizada em seu Município.

CENA VI

A senhora chega ofegante, preocupada porque seu cartão foi bloqueado. Já foi até na Caixa de Pedradas e afirmaram a velha ladainha:

- O problema é no Município da senhora (parece-me que o pessoal da Caixa daqui e o do 0800 se formaram na mesma escola).
Quando ela chega nos procurando, examinamos a folha de pagamento do mês e lá está bem claro, que o pagamento dela está LIBERADO. Volta na casa lotérica, dá bloqueado. Acessamos o SIBEC e lá está LIBERADINHO DA SILVA! O que fazer numa situação dessa? Dependendo da personalidade da pessoa, devemos nos preparar para ofensas e insinuações maldosas.

CENA VII

Julho de 2008. O MDS (Ministério do Desenvolvimento Social) resolve fazer uma manutenção no SIBEC, durante um mês. Recebemos uma correspondência falando sobre isso. Durante um mês inteiro não poderemos acessar o SIBEC para desbloquear cartões ou tentarmos descancelar. Só poderemos VISUALIZAR a situação da pessoa sem podemos fazer nada.

Exatamente nesse período, dezenas de problemas afetaram os usuários do BF. As pessoas, muitas desesperadas, chegavam até nós, pois seu cartão, por alguma razão fora bloqueado, e informávamos que não poderíamos fazer nada naquele mês até o sistema voltar ao normal.

Imaginem isso acontecer, exatamente num período eleitoral. Imagine você ser um eleitor “do contra”, seu cartão foi bloqueado (de outras pessoas também, que não são “do contra”, mas isso ninguém nota). Qual a conclusão lógica?

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MENSAGEM PARA O MDS:
Imaginem a gente impossibilitada de acessar a manutenção do SIBEC (durante todo o mês de julho e parte de agosto), dizendo isso às pessoas e elas duvidando, achando que é desculpa nossa, ou melhor, ACHANDO QUE ESTAMOS MENTINDO? O que custava colocar uma propaganda na televisão sobre isso?
Aliás, por que, quando vocês planejam fazer essas mudanças loucas não fazem propaganda disso nos meios de comunicação, para esclarecer a população, da mesma forma que abusam de nossa paciência “entupindo” os meios de comunicação com as propagandas sobre “as coisas boas do governo”?


CENA VIII

A senhora chega, desesperada, porque o funcionário da Casa Lotérica avisou que o pagamento dela será bloqueado. Como ele sabe disso? É que no extrato da conta apareceu a mensagem: “AS CRIANÇAS E JOVENS DA SUA FAMILIA NÃO TEM INFORMAÇÃO DE FREQUÊNCIA ESCOLAR”, ou em outra versão: “AS CRIANÇAS E JOVENS DA SUA FAMILIA NÃO FORAM ENCONTRADOS NAS ESCOLAS. SEU BENEFICIO PODE SER BLOQUEADO. GARANTA A FREQUÊNCIA ESCOLAR E ATUALIZE O CADASTRO NA PREFEITURA.”

Quando Zégua examina na base cadastral, tá tudo lá. Os filhos estão informados nas escolas, o cadastro está atualizado. As informações já foram todas enviadas para o MDS (será que foram extraviadas no meio do caminho?). Zégua tenta acalmar a senhora, garantindo que seus filhos estão informados nas escolas, e que, talvez, tenha sido um erro do sistema, certamente no próximo mês, aquele aviso “aterrorizante” não irá mais aparecer no extrato.

Mas, infelizmente, ele volta a aparecer. E vem ainda mais ameaçador, advertindo: “ATENÇÃO – BLOQUEIO. SUA FAMILIA DESCUMPRIU PELA SEGUNDA VEZ COMPROMISSO COM O BOLSA FAMILIA. SE CONTINUAR, O BENEFICIO SERÁ SUSPENSO. PROCURE O GESTOR DO BOLSA FAMILIA.” E agora?

CENA IX

Outra senhora chega, preocupada com a mensagem que apareceu no extrato (as mesmas advertências do caso anterior). Quando Zégua consulta o cadastro dela, dá uma risada. Uma risada de raiva, indignação e “vontade de estar cara a cara” com os responsáveis pelo SIBEC. Acontece que a senhora só possui um filho e este já tem mais de 18 anos, ou seja, fora do prazo obrigatório de estar na escola. E agora o beneficio dela será bloqueado porque as crianças que ela não têm não estão freqüentando a escola. E os eqüinos de Brasília só sabem dizer que o problema está nos Municípios. (Eqüinos? Preciso pedir desculpas aos eqüinos pela infeliz comparação).
*******

CENA X

Diante de tantos problemas surgidos, o senhor Zégua envia algumas mensagens (via Internet), para os responsáveis pelo sistema, buscando alguma resposta. Eis o trecho de uma dessas mensagens:

“Bem, gostaria de insistir no caso da senhora FABIANA. O SIBEC decidiu EXCLUÍ-LA, ok. Mas agora pergunto: POR QUE? Tanto ela, como algumas outras pessoas, foram excluídas repentinamente... e são pessoas extremamente pobres, até abaixo do limite de pobreza... por que? Como o Município deve proceder diante de um caso desses, para reverter a situação?”


Algumas horas depois veio a seguinte resposta:

“Amigo,
O SIBEC, apesar dos problemas identificados até agora, não exclui sozinho, portanto, alguém efetuou a exclusão destes domicílios.
O que você acha que pode ter acontecido com os domicílios excluídos ?
O jeito seria a reinclusão e a solicitação ao MDS de restart de benefícios, o que eu, particularmente, acho muito difícil em ano eleitoral.”


COMENTÁRIOS MEUS: Achei bem interessante a indireta: “O SIBEC,...não exclui sozinho, portanto, ALGUÉM efetuou a exclusão destes domicílios. (ênfase minha)”

Novamente, eles lançam a culpa sobre o Município.
Outra indireta: “O que VOCÊ acha que pode ter acontecido com os domicílios excluídos?” (ênfase minha).

O que EU acho? Ora, eu queria saber era o que ELES acham.
O último parágrafo também é interessante.
“O jeito seria a reinclusão e a solicitação ao MDS de restart de benefícios, o que eu, particularmente, ACHO MUITO DIFICIL EM ANO ELEITORAL. (ênfase minha)”.

Bem, não é preciso conhecer profundamente a Lei pra saber que, em época de campanha eleitoral, os governos federal, estadual e municipal, não podem conceder benefícios ou vantagens a ninguém, para não influenciar no resultado da eleição.
Todo mundo sabe que o atual governo federal foi grandemente “abençoado” com o programa Bolsa Família, e que esse programa foi o carro-chefe da campanha da reeleição. Repito, todo mundo sabe disso. Mas no site do MDS tem uma informação bem curiosa.

Sob o título “Ministério divulga orientações sobre Bolsa Família e Cadastro Único durante período eleitoral”, o governo divulgou uma nota, em 30/05/2008, onde no último parágrafo afirma com toda clareza:

“Relatório de auditoria do Tribunal de Contas da União, durante as eleições de 2006, mostrou que o Bolsa Família não foi usado com fins eleitoreiros pelo governo federal. Além da ausência de afronta ao rigor fiscal, os auditores do TCU apontaram no relatório que não houve desrespeito à legislação eleitoral. Os auditores concluíram que a lei que regula as eleições “permite a concessão de benefícios financeiros no período eleitoral, quando se tratar de programas sociais autorizados em lei e com execução financeira anterior ao exercício em que ocorrem as eleições”. Agora, é preciso zelar para que também durante as eleições municipais o Programa Bolsa Família seja preservado.”


Fonte: http://www.mds.gov.br/noticias/ministerio-divulga-orientacoes-sobre-bolsa-familia-e-cadastro-unico-durante-periodo-eleitoral

Interessante! Algumas frases merecem destaque: “Relatório de auditoria do Tribunal de Contas da União, durante as eleições de 2006, mostrou que o Bolsa Família não foi usado com fins eleitoreiros pelo governo federal (ênfase minha).”

Com essa conclusão absurda, ficou aberto o caminho para o golpe. A próxima frase é bem esclarecedora: “Os auditores concluíram que a lei que regula as eleições ‘permite a concessão de benefícios financeiros no período eleitoral, quando se tratar de programas sociais autorizados em lei e com execução financeira anterior ao exercício em que ocorrem as eleições (ênfase minha)’”.

Portanto, não devemos nos admirar se, justamente agora, em pleno calor de campanha, o governo abrir a mão e começar a distribuir benefícios a quem aguarda há mais de dois anos.
Pois, acreditem ou não, isto começou a acontecer. Hoje, 12 de setembro de 2008, uma senhora nos procurou a fim de excluir seu nome do cadastro único em nosso Município para ficar livre e se cadastrar onde quiser. No caso, ela já se encontra morando em outro Município.

Conforme ela mesma nos disse, faz cinco anos que se cadastrou e nunca recebeu nada. Já atualizamos e enviamos o cadastro dela inúmeras vezes e nada. Portanto, tendo em vista já residir em outro Município, e nunca ter recebido nada do Bolsa Família, resolveu excluir tudo para tentar a sorte em outro lugar. Quem sabe no outro Município seu cartão finalmente venha?

Mas, ao procurar seu nome na folha de pagamento do mês em curso (setembro / 2008), só para termos a certeza de que ela não tinha beneficio nenhum, o susto foi grande. Não é que, exatamente neste mês, depois de cinco anos (segundo ela), finalmente o governo resolveu conceder seu beneficio? Que coincidência extraordinária!
Achando que era apenas um caso entre milhares fizemos uma pesquisa rápida e o resultado foi mais surpreendente ainda: 118 PESSOAS (que durante muito tempo até nos caluniaram por causa do beneficio que nunca chegava) FORAM BENEFICIADAS! Repito: 118 PESSOAS!

E agora? Em pleno calor de uma campanha municipal acirrada, 118 pessoas são premiadas com o beneficio do Bolsa Família. Imaginem a bomba!

E tem mais. Pessoas que, na época, estavam desempregadas, fizeram o cadastro, nunca veio nada, elas conseguiram um emprego, e agora... agora a fritada tá feita. Isso é um prato cheio para quem está fazendo uma campanha oposicionista.
Todas as vezes em que chegava alguma folha de pagamento, com alguns nomes a mais, fazíamos festa, colávamos a relação dos sortudos na parede, e procurávamos entrar em contato com as pessoas, para contar a novidade.

MAS DESTA VEZ, SINCERAMENTE, ATÉ AGORA NÃO TIVE CORAGEM.

Mais uma vez, o Ministério do Desenvolvimento Social conseguiu nos colocar numa “saia justa”. E uma “saia justa especial”.

Esta é a realidade do Bolsa Família não somente em nosso Município, mas em muitos lugares do Brasil. É fácil provar. Quem duvidar é só entrar em contato com algum gestor do programa em qualquer Município do Brasil. Ou então participar de uma reunião, envolvendo os gestores municipais do programa e os técnicos do MDS.
Mas não liguem para Brasília não. Na certa vão dizer pra vocês o seguinte:

- O PROBLEMA É NO MUNICÍPIO DE VOCÊS. (Deve ter um robô do outro lado, atendendo o telefone).

TROCA DE CORRESPONDÊNCIAS... E DE ALGUMAS FARPAS

Transcrição de algumas mensagens eletrônicas trocadas entre Zégua e JISSELDO (Técnico do MDS, Responsável pelo programa do Cadastramento Único – Obviamente o nome é ficticio). Os e-mails abaixo foram trocados em apenas duas semanas:

De: Zégua
Enviada em: segunda-feira, 22 de setembro de 2008 11:34
Para: JISSELDO
Assunto: PAGAMENTOS EXCLUIDOS - MISTÉRIO

Jisseldo, hoje várias pessoas me procuraram, com o mesmo tipo de problema. No extrato aparece a mensagem: PAGAMENTO EXCLUIDO.

Na folha de pagamento (setembro/2008) diz LIBERADO.
E no SIBEC aparece: ACUMULO DE BENEFICIOS FINANCEIROS DO PROGRAMA COM O PETI

O que está acontecendo? Em todos os casos apresentados, o cadastro está atualizado, a familia preenche todo o perfil de um usuário do BF, as crianças estão na escola, etc.

E não venham nos dizer a velha ladainha que o problema é no nosso Município. Fico me perguntando o que o governo pretende com tantas alterações no BF justamente agora em pleno calor de uma campanha eleitoral.

Segue o NIS de apenas um caso (depois faço uma lista):
16598268888.

Zégua - Coord. Bolsa Familia



RESPOSTA DO JISSELDO
Subject: RES: PAGAMENTOS EXCLUIDOS - MISTÉRIO
Date: Mon, 22 Sep 2008 12:17:01 -0300
From: JISSELDO
To: ZÉGUA

Colega Zégua,
Se vires o site do MDS, vais ver que, o Governo rodou o cadúnico sobre as RAIS – Relação Anual de Informações Salariais do ano passado, por isso este monte de bloqueios.
Sugiro que dê uma olha no site do MDS, deve ter uma orientação de como resolver a situação.
JISSELDO


COMENTÁRIO (meu): No e-mail que enviei acima mostrei uma série de contradições envolvendo benefícios: No extrato aparece a mensagem: PAGAMENTO EXCLUIDO. Na folha de pagamento (setembro/2008) diz LIBERADO. E no SIBEC aparece: ACUMULO DE BENEFICIOS FINANCEIROS DO PROGRAMA COM O PETI.

Em nenhum lugar diz que o beneficio foi bloqueado. O JISSELDO disse: “o Governo rodou o cadúnico sobre as RAIS – Relação Anual de Informações Salariais do ano passado, por isso este monte de bloqueios (ênfase minha)”.

RAIS? Como informei acima, ao escrever para o JISSELDO “em todos os casos apresentados, o cadastro está atualizado, a família preenche todo o perfil de um usuário do BF, as crianças estão na escola, etc”. Na lista da RAIS (enviada pelo MDS, e que temos cópia) não consta o nome de nenhum dos casos que apresentaram os problemas acima referidos.

O JISSELDO também aconselhou: “Sugiro que dê uma olha no site do MDS, deve ter uma orientação de como resolver a situação (ênfase minha).” DEVE TER?
Por que não: TEM? É simples: PORQUE NÃO TEM!

Por que ele não indicou o link específico no site sugerido? Porque não existe.

RES: RES: PAGAMENTOS EXCLUIDOS - MISTÉRIO‏

OUTRA MENSAGEM DO JISSELDO SOBRE O TEMA DO E-MAIL ANTERIOR

De: JISSELDO
Enviada:terça-feira, 23 de setembro de 2008 11:36:01
Para: ZÉGUA

Zégua,
Sugiro a leitura atenta aos arquivos em anexo.
JISSELDO


COMENTÁRIO (meu): Os arquivos enviados pelo JISSELDO foram:
a) Cópia da Instrução Operacional n.º 24/SENARC/MDS, de 21/08/2008, que orienta sobre a atualização cadastral de famílias bloqueadas em razão de envolvimento com a RAIS e BPC (o que não é a situação dos casos que estamos enfrentando);

b) Cópia da Instrução Operacional n.º 25 SENARC/MDS, 05/09/2008, que trata de famílias com problemas em relação à FREQUÊNCIA ESCOLAR (que também não tem nada a ver com os casos já mencionados).

NOVA MENSAGEM PARA O JISSELDO
De: ZÉGUA
Enviada em: terça-feira, 23 de setembro de 2008 07:36
Para: JISSELDO
Assunto: BLOQUEADOS? CANCELADOS MESMOS!

Caro JISSELDO, o problema maior é que os usuários não estão sendo BLOQUEADOS e sim CANCELADOS. O governo não está atirando para ferir (bloquear), mas para matar (cancelar). Por que não bloqueiam primeiro, dando para nós a chance de desbloquearmos se constatarmos que os motivos de bloqueios não procedem? Se for pra continuar assim, sugiro que cancelem todo mundo e comecem tudo do zero.
Até parece que vivemos em um mundo e o pessoal do MDS em outro.

Zégua


RES: BLOQUEADOS? CANCELADOS MESMOS!‏
De: JISSELDO
Enviada: terça-feira, 23 de setembro de 2008 10:52:32
Para: Zégua

Colega Zégua,
Você já tentou a reversão de cancelamento ?
JISSELDO


NOVA MENSAGEM PARA O JISSELDO (23 de setembro de 2008)

ACÚMULO DE BENEFICIOS?‏
De: ZÉGUA
Enviada: terça-feira, 23 de setembro de 2008 13:19:17
Para: JISSELDO

JISSELDO, o que significa "ACÚMULO DE BENEFICIOS FINANCEIROS DO PROGRAMA COM O PETI", que aparece nos motivos de bloqueios ou cancelamentos no SIBEC?
Veja o caso dessa senhora, RITA MARANGUABA DA SILVA, NIS 16566634404. Ela é pobre, têm três filhos, todos estão no colégio (e isto está informado no cadastro), não tem nenhum tipo de renda, vive dos favores alheios, etc.
Mas de repente seu beneficio foi excluído (no extrato aparece a mensagem PAGAMENTO EXCLUIDO). Como eu já disse antes, o governo atirou nela pra matar. Por que não simplesmente bloquear e dá uma chance pra gente resolver o caso?
O que podemos fazer com o caso dela? Ah, não tem ligação nenhuma com RAIS e BPC.
Grato,
ZÉGUA


* SEM RESPOSTA ATÉ O MOMENTO (02/10/2008)

NOVA MENSAGEM PARA O JISSELDO (26 de setembro de 2008)

BENEFICIOS CANCELADOS - POR QUE?‏
De: ZÉGUA
Enviada:sexta-feira, 26 de setembro de 2008 11:41:53
Para: JISSELDO

Caro JISSELDO,
Lí em uma das mensagens enviadas pelo MDS que ninguém pode ser excluído nos seis meses restantes do final de um governo. Parece brincadeira, mas dezenas de beneficiários estão sendo excluídos neste mês (alguns por justa causa, pensão, aposentadoria, etc.). Mas outros,...
Sobre esses "outros", gostaria que olhasse o caso da senhora MARIA MANGUCHA LOPES, NIS 16466675784.
Na folha de setembro, seu pagamento está liberado. No SIBEC está cancelado (desde 18/09). Motivos: ACÚMULO DE BENEFICIOS FINANCEIROS DO PROGRAMA COM O PETI. O que significa isso?
Pelo que sei, o governo não envia mais o dinheiro do PETI para as famílias, a não ser por meio dos cartões. Mas no cartão aparece apenas o Bolsa Família. Agora uma família extremamente carente vai ficar sem receber seu beneficio... por que essa confusão toda? E por que logo agora? E parem de culpar os Municípios pelo caos que vocês mesmos criaram.
Eu gostaria muito que vocês passassem um dia nos Municípios, para ver de perto o que esse "abençoado" Bolsa Família tem feito com dezenas de famílias.
Espero que essa confusão seja logo resolvida.
Zégua



* SEM RESPOSTA DO JISSELDO ATÉ O MOMENTO (09/10/2008, 09:12 horas).

APELANDO PARA A GISESFO (um ano antes)

De: ZÉGUA
Enviada em: quinta-feira, 18 de outubro de 2007 09:58
Para: GISESFO05 - Bolsa Família e Cadúnico
Assunto: DESCANCELAMENTO BENEFICIO

Senhores,
No final de agosto do corrente ano, enviamos um oficio para o MDS, solicitando o descancelamento de alguns benefícios. Recentemente, na primeira semana de outubro, consultando o SIBEC, constatamos que algumas pessoas tiveram seus benefícios liberados.
Porém alguns beneficiários continuam cancelados, e entre eles, pessoas extremamente carentes. Gostaríamos de solicitar o mais urgente possível o descancelamento do beneficiário abaixo:
- MARIA DESESPERADA OLIVEIRA - NIS 16366628383
Informamos ainda que o citado beneficiário consta da lista enviada (via oficio) ao MDS.
Cordialmente,
ZÉGUA

P.S.: Solicitamos uma resposta o mais breve possível (qualquer resposta).



RESPOSTA DA GISESFO

DESCANCELAMENTO BENEFICIO
gisesfo05@caixa.gov.br para mim, em 18/10/07

Ao
Zégua
COORD. PROG. BOLSA FAMILIA

1. Comunicamos que as reversões de cancelamento efetivadas pelo MDS, em reposta aos ofícios emitidos pelas prefeituras, podem ser consultadas pelo site www.mds.gov.br no link Bolsa Família.

1.1 Outra opção de consulta 0800 – 707 -2003.

2. Colocamo-nos à disposição para mais esclarecimentos.

Atenciosamente,

Marco Jangará Pires de Senna
Analista

Nailson Arruda Mulligan
Gerente de Serviço
GISES FO


COMENTÁRIO (meu): Resposta muito “esclarecedora“. Todo mundo sabe que o site do mds (e do link bolsa família) tem centenas de páginas e links. Por que não indicaram especificamente em que link se encontram as informações solicitadas?
“Outra opção de consulta: 0800 – 707 – 2003”
. Não acredito que tiveram a coragem de escrever isso!

“Colocamo-nos à disposição para mais esclarecimentos” – A Praça é Nossa está perdendo excelentes comediantes.

*** Nomes próprios citados no e-mail foram substituídos por nomes fictícios (tomara que sim!)

APELANDO PARA A OUVIDORIA DO MDS

E-MAIL ENVIADO PARA A OUVIDORIA DO MDS, HOJE (02/10/2008)

BENEFICIOS EXCLUIDOS - MOTIVOS NEBULOSOS‏
De: ZÉGUA
Enviada:quinta-feira, 2 de outubro de 2008 11:13:33
Para: ouvidoria@mds.gov.br

Senhores, recebemos dezenas de mensagens do MDS informando que, em setembro de 2008, muitas famílias teriam seus benefícios BLOQUEADOS, em razão de duas coisas: ligação com o BPC ou RAIS. Acontece que, repentinamente, em nosso Município, dezenas de usuários (sem ligação nenhuma com RAIS e BPC) tiveram seus benefícios EXCLUIDOS (nem sequer foram bloqueados), sim, EXCLUIDOS bruscamente. Quando acessamos o SIBEC, procurando saber a razão disso, encontramos a mensagem: ACUMULO DE BENEFICIOS FINANCEIROS DO PROGRAMA COM O PETI.

Enviamos vários e-mails para os coordenadores do programa, em busca de respostas, mas tudo que fizeram foi sugerir que procurássemos ler as portarias do MDS. Até agora não sabemos o que fazer, as pessoas são extremamente carentes, seus benefícios estão excluídos - e tudo isso exatamente no período eleitoral. Será que o pessoal do MDS enlouqueceu?

Cordialmente,

ZÉGUA

P.S.: Nossos Municípios vizinhos também estão enfrentando os mesmos problemas.


Resposta Automática‏

De: Ouvidoria (ouvidoria@mds.gov.br)
Enviada: quinta-feira, 2 de outubro de 2008 11:32:38
Para: ZÉGUA

Prezado Cidadão,
Recebemos, aqui na Ouvidoria-Geral do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, sua mensagem. Informamos que, tão logo tenhamos um posicionamento a respeito da mesma, entraremos em contato com Vossa Senhoria.
Desde já agradecemos o contato e nos colocamos à sua disposição, no que estiver ao alcance desta Ouvidoria.
Atenciosamente,
Ouvidoria-Geral
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
0800 707 2003


* SEM RESPOSTA DA OUVIDORIA ATÉ O MOMENTO (22/10/2008, 09:04 horas).

E agora? Apelar pra quem?


* NOTÍCIAS DE ÚLTIMA HORA - segunda-feira (06/10/2008), um dia DEPOIS das eleições, chega na agência dos Correios mais de 60 cartões Bolsa Família, criando um grande alvoroço e expectativa entre a população que há anos aguardava seu beneficio (uma senhora aguardou 7 anos!!!).

* Agora temos mais de 50 (cinqüenta) casos de bloqueios, cancelamentos e exclusão (e ninguém do MDS dá a mínima para nossos pedidos de socorro); e pra complicar, chega mais de 60 cartões (na lista divulgada pela agência dos Correios em nossa cidade há 69 pessoas), inclusive de pessoas que HOJE ESTÃO EMPREGADAS e MELHORARAM DE VIDA;

* E agora? Temos que explicar para a população por que PESSOAS EXTREMAMENTE CARENTES FORAM EXCLUIDAS AGORA EM SETEMBRO, enquanto que (no mesmo período) PESSOAS DE CONDIÇÃO FINANCEIRA RAZOÁVEL foram agraciadas com o CARTÃO BOLSA FAMILIA (novinho em folha).

09 de outubro de 2008, 10:52 horas.

DICAS DO ZÉGUA - AFINAL, PARA QUE SERVE ESSE TAL DE 0800?

ALGUMAS SUGESTÕES PARA O PESSOAL DO MDS QUE TRABALHA NOS SERVIÇOS DE AUTO ATENDIMENTO

Desde o inicio da série de problemas envolvendo o programa Bolsa Família (especialmente a partir de junho de 2006), quando o Governo Federal teve a “brilhante” idéia de integrar vários programas num só e se esquecer de divulgar isso pelos meios de comunicação, desencadeando o terror, os serviços 0800 do Ministério do Desenvolvimento Social (incluindo os da Caixa) passaram a demonstrar a sua incompetência (ou, no mínimo, revelaram sua verdadeira face).

Quando, qualquer cidadão preocupado com bloqueios, cancelamentos ou outro problema no seu cartão Bolsa Família, ligava para o 0800, ouvia (na maioria das vezes) a mesma ladainha: “O PROBLEMA É NO MUNICIPIO DE VOCÊS”. Isso acontece até hoje.
É incrível a ingenuidade do povo brasileiro. Geralmente gastamos tempo com o usuário explicando em detalhes como funciona o programa Bolsa Família, e tentando encontrar a solução para o seu problema (pessoalmente já gastei mais de uma hora muitas vezes, mostrando minuciosamente no computador a situação do cadastro do individuo). Porém, o pessoal do 0800 muitas vezes não gasta nem um minuto. A resposta está na ponta da língua:

- O PROBLEMA É NO MUNICIPIO DE VOCÊS.

O inacreditável é que gastamos muito tempo ouvindo a pessoa, explicando a ela como funciona as coisas e ela diz claramente com os olhos, palavras e atitudes que não está acreditando em nossas palavras. Quando liga para o 0800, nem bem começa a contar sua história a máquina (quer dizer, a pessoa) do outro lado simplesmente responde:

- O PROBLEMA É NO MUNICIPIO DE VOCÊS.

E o usuário do Bolsa Família chega eufórico em nosso departamento como se tivesse feito uma importante descoberta científica:

- Acabei de ligar para o 0800 e me disseram que O PROBLEMA É AQUI.

Oh, santa ingenuidade!

Bom, já que o pessoal do 0800 (tenho dúvidas se são pessoas ou máquinas programadas) entende tanto do Programa Bolsa Família quanto um jegue entende de Equação do 3.º Grau, por que não tentam variar pelo menos o linguajar (ou as respostas prontas)?

Vamos trocar os papagaios? Algumas sugestões:

- O PROBLEMA É COM SUA SOGRA.
- A MULHER DO PREFEITO ESTÁ FICANDO COM O DINHEIRO DE VOCÊS.
- VOCÊ ACABOU DE PARTICIPAR DA PEGADINHA DO BOLSA FAMILIA.
- VÁ ROUBAR OUTRO.
- SEU MARIDO ESTÁ GASTANDO O DINHEIRO COM AS AMANTES.
- PROBLEMAS NO CARTÃO? CONTA OUTRA.
- ISSO NÃO TE PERTENCE MAIS.

Que os serviços 0800 (especialmente os ligados ao Governo Federal) estão, há muito tempo, necessitando de reformas radicais é fácil de provar. Existem centenas de evidências, mas desejamos apresentar apenas uma capaz de levar qualquer juiz honesto e inteligente a bater o martelo e anunciar o veredicto.

No dia 04 de março de 2007, no programa Fantástico, da Rede Globo, a Caixa foi reprovada nos testes do INMETRO, em TODOS os quesitos apurados (referentes ao Serviço de Atendimento ao Consumidor – diga-se 0800): ACESSIBILIDADE, CORTESIA, SOLUÇÃO DE PROBLEMA, TOM DE VOZ DOS ATENDENTES, O CONHECIMENTO DO ASSUNTO, O TEMPO DE ESPERA E O TEMPO DE RETORNO (Quem duvidar é só acessar o site do Fantástico e procurar a data citada – Oh, Internet abençoada!).

Igarapé Grande – MA, 09 de janeiro de 2009 (minutos depois de explicar a real situação do Programa Bolsa Família para um usuário, pela CENTÉSIMA MILÉSIMA VEZ * - o individuo ligou para o 0800, ouviu uma resposta “inédita”, chegou ofegante e me disse: Liguei pra Brasília e me disseram QUE O PROBLEMA É AQUI).
Carinhosamente,
ZÉGUA

* CENTÉSIMA MILÉSIMA VEZ? Pela quantidade de vezes que já tive que explicar a mesma história para a mesma pessoa, tendo atendido inúmeras pessoas durante 2007 e 2008, em diferentes horários (no trabalho, em casa, viajando, etc.) acredito que talvez nem tenha exagerado na contagem.