Apresentando o senhor ZÉGUA

Apresentando o senhor ZÉGUA

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

SENHOR ZÉGUA, PONHA-SE DE PÉ. E O VEREDICTO É... CULPADO!

“ATENÇÃO! A POSSE DO CARTÃO DO BOLSA FAMÍLIA POR TERCEIROS É PROIBIDA. ELE É DE USO PESSOAL E INTRANSFERIVEL. VOCÊ É RESPONSÁVEL POR ELE.”

Se você, ao tentar receber seu beneficio do Bolsa Família, ao invés do dinheiro recebesse apenas um papelzinho com a mensagem acima, sua interpretação se encaixaria mais em quais das opções abaixo?

a) Devo ter cuidado com meu cartão e nunca entregá-lo para um estranho;
b) O cartão é só meu e está sob minha única e exclusiva responsabilidade;
c) A única pessoa que deve conhecer minha senha sou eu mesma;
d) Alguém – que não seja eu – está proibido de usar meu cartão;
e) Alguém – sem que eu soubesse – pegou meu cartão e sacou meu dinheiro;
f) No mundo de hoje, não devo confiar nem na minha sombra;
g) Meu cartão foi cancelado, porque minha renda familiar é superior a estabelecida pelas regras do programa Bolsa Família. Portanto, eu estou fora, excomungado do Bolsa Família.

Bem, com base no parágrafo que encabeça este texto, e fundamentando-se nas mais claras e atuais regras gramaticais, só um débil mental marcaria a opção “g”. A mensagenzinha que aparece no extrato bancário tem a ver com qualquer das 6 primeiras opções e não tem nada a ver com a alternativa “g” – mesmo que as regras gramaticais sejam torcidas e manipuladas descaradamente.

Mas, acreditem ou não, a alternativa verdadeira é exatamente a letra “g”. O pessoal de Brasília (digam-se: os enrolados do MDS), por razões desconhecidas (ou não), cancelam os benefícios das pessoas (por justa causa, conforme as regras do programa), mas não tem coragem de contar a verdade. Colocam uma mensagenzinha que não tem nada a ver, forçando o usuário a “secar as canelas” de tanto correr de um lado para o outro, em busca de uma explicação para o cancelamento de seu beneficio.

No final, a conclusão é simples: É só seguir as pistas abaixo e qualquer pessoa encontrará somente um culpado nessa história:

Pista 1 – Você mostra o papel para o cara da Casa Lotérica e ele diz:
- O problema deve ser no departamento do Zégua.
Você raciocina: “Bem, se o funcionário da Casa Lotérica disse isso é porque ele sabe, pois certamente quem trabalha aqui deve ser mais inteligente do que quem trabalha na Prefeitura”.

Pista 2 – Você andou recentemente no Departamento do Bolsa Família e o Zégua revisou seu cadastro. Veja bem: seu cadastro estava quietinho, e o Zégua mexeu nele. Você não viu o que ele digitou no computador. Talvez o cara da Casa Lotérica esteja certo.

Pista 3 – Seu cartão nunca teve problemas. Mas três semanas depois que o Zégua mexeu em seu cadastro, você não consegue mais retirar seu dinheiro.

Pista 4 – No extrato não fala nada de cancelamento, portanto o pessoal de Brasília não deve saber o que aconteceu com seu cartão. Quem mexeu no seu cadastro foi o Zégua, semanas atrás, e não o pessoal de Brasília.

Pista 5 – Você vai falar com o Zégua e ele vem com uma conversa estranha de que seu cartão tá cancelado. Ora, é a palavra do Zégua contra uma mensagem que veio diretamente dos computadores de Brasília (acredita você). E o que o Zégua diz não tem nada a ver com a mensagem – até quem fez só o Mobral é capaz de interpretar esse texto.

Zégua explica que o sistema do governo está afirmando que o seu cartão foi cancelado por causa de renda familiar alta. Por que o cara da Casa Lotérica, que trabalha diretamente com a Caixa não falou a mesma coisa? Lá na Casa Lotérica tem uma antena parabólica bem grande, bonita, chique. E é por meio dela que o cara faz contato com o pessoal da Caixa. Já no departamento do Zégua tem uma antena pequena, feia, esquisita, uns garranchos sobre a casa que ele diz que é pra receber a Internet.

Pista 6 – Enquanto você monta os quebra-cabeças, toma conhecimento de que outras pessoas também tiveram o cartão cancelado, alguns dias depois de andar na sala do Zégua. Não pode ser coincidência.

Pista 7 – Então você resolve ligar para o 0800, naquele número que tá gravado atrás do cartão. A voz do outro lado confirma todas as suas suspeitas. Ela diz:

- O dinheiro foi enviado direitinho pra sua conta. Procure o Departamento do Bolsa Família de sua cidade. O problema é aí mesmo.

Pronto! Zégua, seu safado, você tá ferrado.

Conclusão: AS EVIDÊNCIAS INDICAM: O CULPADO DE TUDO ISSO É MESMO O ZÉGUA!

CONHEÇA AGORA A VERDADE (ou a versão do Zégua, como preferir).

01 – Logicamente, logo que seu cadastro foi atualizado, e a renda atual da sua família foi registrada (incluindo o salário da sua esposa, sua aposentadoria e outras rendas que você mesmo informou), o sistema do governo federal automaticamente, obedecendo as regras do programa, cancelou seu beneficio.

02 – Isso aconteceu depois da revisão cadastral, porque foi na revisão que sua atual renda foi informada.

03 – Zégua e seus colegas simplesmente digitaram as informações atuais sobre você e sua família e enviaram para Brasília – via internet.

04 – O cara da Casa Lotérica nunca fez uma capacitação sobre o complexo sistema do Bolsa Família e pensa que tudo se cria e se resolve no Departamento do Zégua.

05 – O pessoal do 0800 talvez nunca tenham lido nem a cartilha do programa e assim a conversa é sempre a mesma: PROCURE SEU MUNICÍPIO, O PROBLEMA É LÁ.

06 – O governo está preocupado é com a eleição do próximo ano e procura fugir de qualquer coisa negativa, qualquer responsabilidade, colocando uma mensagenzinha que não quer dizer nada, deixando todo o abacaxi para os municípios.

07 – Pra colocar mais gente no programa, mais gente tem que sair. Os que entram aplaudem o governo, os que saem continuam aplaudindo o governo porque estão convictos que os zéguas dos municípios é quem bagunçaram seus benefícios, mas se o atual governo permanecer no comando, vai dar um jeito na situação. Por isso, entrando ou saindo, os usuários do Bolsa Família continuam com confiança total no atual governo.

Nesse ambiente tão deprimente, é bom o Zégua e seus colegas começarem a procurar o Serviço de Proteção a Testemunha, ou então buscar um jeito de fugirem para um lugar desconhecido, um milhão de quilômetros do lugar onde a mãe de Judas perdeu a dentadura.

VELHOS DITADOS, NOVAS APLICAÇÕES... E ZÉGUA NA TACA

- A sorte de uns é o azar de outros – Outubro de 2009, quando muitos cartões foram cancelados e outros foram liberados para os novos beneficiários.

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- Aqui se faz, aqui se paga
Corrigindo: Em Brasília se faz, no Município de Igarapé Grande, o Zégua paga

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- As aparências enganam – A individua vem se cadastrar toda suja, com vestes rasgadas, chorando miséria; quando vai sacar o dinheiro do Bolsa Família na Casa Lotérica, chega de carro próprio, bem vestida, óculos escuros, celular na mão, olhando para a amiga e dizendo com desdém:
- Espere aí, Clotilde. Vou pegar meu beneficio para colocar de créditos no celular.

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- A minha liberdade acaba onde começa a liberdade dos outros.
Corrigindo: na terra do Zégua, os outros estão sempre em liberdade.

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- A galinha do vizinho é sempre mais gorda do que a nossa – Eu fiz o cadastro no mesmo dia que a minha vizinha, e o cartão dela já veio e o meu não. O que ela tem que eu não tenho?

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- A roupa suja lava-se em casa – Mas se faltou água, sabão e coragem a culpa é do Zégua.

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- Juntam-se as comadres, descobrem-se as verdades
– Essa mentirosa não tá mandando o filho pra escola, coisa nenhuma!
– Essa rapariga diz que não tem renda nenhuma, mas as duas filhas são empregadas da Prefeitura e moram com ela!
– Essa pilantra tá morando com meu marido e ele é aposentado!

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- O burro acredita em tudo o que lhe dizem – Principalmente quando quem fala é um pessoal que mora em Brasília e atende pelo telefone 0800.

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- Os últimos são sempre os primeiros – Os últimos que se cadastraram são os primeiros a atormentarem nosso amigo Zégua – Eu quero saber quando meu cartão vem!

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- Quando a esmola é grande o santo desconfia

- Oi, tudo bem? Como vai a família? Passei por aqui para te deixar essa merenda, sei que tá com fome. Aqui é ruim pra trabalhar, hein? Ah, já vou embora. Ah, ia me esquecendo. Passei na Casa Lotérica e não consegui tirar meu dinheiro. O que será que aconteceu, hein?

AS AVENTURAS DE ZEGUINHA – Episódio de hoje: O CABARÉ

Zeguinha querendo entender o que é um cabaré. Mariazinha explica:

- É um lugar onde se usa muito as palavras rapariga, cachorra, ladrão, @#$$%¨%, *&$#@, e #*&¨$. Ouvi mamãe falando com a amiga que dentro dum cabaré costumam acontecer brigas, discussões e tem muita sacanagem.
- Ah, já sei. É onde meu tio trabalha.
- Ele trabalha num cabaré? – Espantou-se Mariazinha.
- Só pode. Mas na parede tá escrito: DEPARTAMENTO DO BOLSA FAMILIA.

VAI MATAR TUA MÃE DE SUSTO, FI DUMA ÉGUA!

Uma das colegas do Zégua foi fazer uns exames de saúde no Hospital da cidade. Recentemente tinha levado sua filhinha para fazer o famoso teste do pezinho.
Agora imagine. A pessoa acabou de fazer uma série de exames rotineiros. Repentinamente chega um funcionário do Hospital, querendo falar com ela urgente. Como ela não estava em casa, quem deu o recado foi sua mãe.

Se você tivesse recentemente feito uns exames de saúde (juntamente com a filhinha) e de repente recebesse um recado de um funcionário da saúde, querendo falar com você urgente, o que você iria pensar? Como ficaria seu coração?

Sabe o que o individuo queria? Quando a senhora chegou ao hospital, ofegante, quase com os bofes pra fora, e perguntou o que tinha acontecido, o sujeitinho disse simplesmente:

- É sobre aquele cadastro do Bolsa Família, aquele daquela mulher pobrezinha lá do interior, blá! Blá! Blá!

O ESPIRITO DE MACACA ENDIABRADA

Terça feira, novembro de 2009, um dia cheio, dezenas de pessoas com problemas no cartão (principalmente depois da revisão cadastral). Aconteceu de tudo, mas o destaque foi pra uma senhora possessa, cuja história relatamos abaixo.

Ao retirar seu pagamento viu que o valor do beneficio tinha diminuído – o governo federal simplesmente liberou somente o pagamento do Bolsa Escola, já que pela renda familiar per capita o valor ultrapassou o limite estabelecido para a concessão do Bolsa Família. Tudo dentro das regras do programa. Mas a mulher ficou uma fera.
De repente chegou, desesperada, no Departamento do Bolsa Família, esbravejando, xingando, chamando a atenção de todo mundo.

- EU QUERO SABER QUE ROUBO É ESSE? NÃO SOU APOSENTADA, NÃO TENHO SALÁRIO, TODO MUNDO SABE COMO EU VIVO. NO POPULAR: EU VENDO MINHAS CARNES!
O ROUBO É AQUI! O DINHEIRO VEM PRA PREFEITURA, MAS AQUI, NESTA CIDADE O ROLO É GRANDE. EU VOU CHAMAR O PESSOAL DA RECORD!

E, durante quase uma hora, ela ficou repetindo a mesma história, sem aceitar nenhuma explicação, parecendo estar possuída por uma legião de demônios. Sem respeitar ninguém, furou a fila, e irrompeu na sala de digitação, descarregando toda sua raiva sobre o nosso amigo Zégua.

Este, tentando ser a pessoa mais calma do mundo, procurou explicar pra “endiabrada” como funciona o programa do governo federal. Mas é perda de tempo conversarmos com uma pessoa possessa, o melhor mesmo é montar uma sessão de exorcismo. Mas como o ambiente não estava propício para uma coisa tão séria, a única saída era tentar, pelo menos, sobreviver àquela investida maligna.

Diante das repetidas ameaças dela, de que iria trazer o pessoal da Record pra filmar, e descobrir as supostas falcatruas, Zégua respondeu:

- Tudo bem, pode trazer o pessoal da Record, mas se puder avisar antes, pra gente se produzir, fazer uma maquiagem básica, pra não aparecermos feios na televisão.

- VÃO PASSAR VERGONHA!!! – Foi a última frase dela, antes de deixar a sala.

No final do expediente, algumas das pessoas que trabalham no Departamento estavam com dor de cabeça, pois a pressão do dia foi terrível.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

SE...

Se você vive de plantão 24 horas por dia e ganha menos de quem nem pisa no local de trabalho, e mesmo assim vive como se trabalhasse no melhor serviço do mundo;

Se você, mesmo trabalhando num serviço que exige 100% de sua criatividade, ainda assim vive sorrindo diante de xingamentos e desaforos;

Se você consegue ser simpático com quem muitas vezes só não te mata porque está desarmado;

Se você não mede esforços para resolver os problemas dos outros, mesmo quando faltam as condições técnicas para que isto aconteça;

Se a Internet do seu local de trabalho não presta, e você depende muito dela, tanto que leva os serviços pra casa, pra tentar resolver usando sua internet (que, apesar dos pesares, ainda é muito melhor que a do seu trabalho, que é uma verdadeira piada);

Se não bastasse estar disponível a semana toda, ainda leva serviço pra casa, e muitas vezes é obrigado a trabalhar de noite, e ainda assim parece estar sempre satisfeito;

Se você faz o possível na vida para ser um cidadão honesto, ter uma reputação cristã, e ainda se controla diante de um filho do cão que, sem um pingo de cerimônia, afronta você e seus colegas, caluniando e difamando;

Quem é você, afinal?

Você não é normal não, meu filho. VOCÊ É DOIDO E TRABALHA NO DEPARTAMENTO DO BOLSA FAMÍLIA EM IGARAPÉ GRANDE, ESTADO DO MARANHÃO.

Inspirado em Rudyard Kipling, escritor inglês (1865-1936), autor, entre outras obras, de: MOGLI, O MENINO LOBO.

AS AVENTURAS DE ZEGUINHA – EPISÓDIO DE HOJE: AULA DE RELIGIÃO

- Crianças, hoje vamos estudar sobre um personagem muito ruim. Antes vou fazer algumas perguntas pra testar o conhecimento religioso de vocês.

Quem é que:
- Coloca as pessoas umas contra as outras;
- Coloca até irmão contra irmão;
- Incentiva as pessoas a mentirem muito;
- Faz as pessoas xingarem, caluniarem e difamarem seus semelhantes;
- Afasta as pessoas de Deus;
- Faz marido bater na mulher e nos filhos;
- Cria inimizades;
- Tira a paz do ser humano;
- Traz desespero, angústia, estresse;

Quem sabe a resposta? Ganha três pontos quem se levantar primeiro e responder corretamente.
Três crianças levantaram-se ao mesmo tempo.

Esterzinha disse:
- A cachaça!
Chiquinho disse:
- O diabo!
Zeguinha disse:
- O Bolsa Família!

DISK-ZÉGUA – DE PLANTÃO, PRA RESOLVER TODOS OS SEUS PROBLEMAS DO BOLSA FAMÍLIA... VÁ SONHANDO!!!

18 horas e 30 minutos. Zégua em casa, tentando relaxar, assistindo um seriado de TV, um seriado policial, daqueles que você não pode perder nenhuma cena, senão fica sem entender a história.
Bem, num momento bem emocionante da história, o telefone toca. Não na televisão, mas na casa do Zégua. Rapidamente ele vai atender (meio chateado, mas fazer o quê?). Quem sabe é algo importante?

- Alô?
- Alô? É da casa do rapaz que trabalha com o Bolsa Família?
- Sim – o “sim” saiu meio forçado, meio zangado, meio estressado.
- Eu sou a mulher que ligou na semana passada.
- Sim?
- Naquele dia que peguei seu endereço na internet pra dar pra mulher daqui que trabalha no Bolsa Família, pra resolver o problema do cartão da minha mãe.
- Aham...
- Eu queria seu endereço de novo, pois aquele não deu certo.
- Aham... anote aí. M, O,...
- Espere aí, vou pegar a caneta. Meu irmão vai falar com você.
- Aham... – E Zégua só pensando no filme, com vontade de bater o telefone.
- Alô? Pois é, vê se resolve nosso problema aí...
- Aham...
- Blá, Blá, Blá,...
- Aham...
- Blá, Blá, Blá,...
- Aham...
Alguns minutos mais tarde.
- Vou passar pra minha irmã.
- Aham...
- Alô? Tou com a caneta. Diga seu endereço na internet.
- M, O, R, ... – Zégua diz letra por letra porque sabe que está falando com pessoas que não tem costume com e-mails, internet, essas coisas.
- Espera ai, mais devagar... droga, a caneta não quer riscar – Escuta-se do outro lado um ruído, típico de uma coisa sendo friccionada contra um papel.
- Um momento!
RISK! RISK! RISK!
Tempo passando...
- Oi, você aguarda um momento. Vou pegar outra caneta. Vou passar pro meu irmão.
- Alô? Olha, vou desligar. Daqui a dois minutos, eu ligo de novo.
- Aham...
Alguns minutos depois.
- Alô? Pode dizer o endereço.
- M, O, R, G, ...
- M, O, R, G, ... – RISK! RISK! RISK! – Espere um pouco, a caneta não tá riscando. Já vai. Diga de novo.
- M, O, R, G, A, N, N, E, 7, 7, 7,
- 7, 7, 7, ... Três setes?
- Sim. 7, 7, 7, @...
- @, escreve aí, Cacildo – Fala a mulher pro irmão que estava anotando. Alguns segundos de quase silêncio. “Quase” por causa do RISK! RISK! RISK! – Ei, arrôba é aquele “azinho” dentro de um círculo – explica a mulher pro irmão. – O que mais?
- @, H, O, T, M, A, I, L, PONTO, COM...
- Anota aí, Cacildo. H, O, T, M, A, I, L, PONTO, COM... Não, menino! “Ponto” é só o pontinho, não é o nome não.
Depois da dura tarefa...
- Obrigado, moço. Vou pedir pra mulher entrar em contato com você. Vê se resolve logo o problema da minha mãe, a coitada tá muito doente.
- Tá, tchau!

Pois é, Zégua, de plantão, qualquer hora, qualquer lugar. E o filme? Bom, é melhor deixar essas coisas pros outros mortais. Vamos aproveitar o ensejo e disponibilizar agora o DISK-ZÉGUA.
Anote aí: 66-9231-4566.
Anotou? Que inocente! Pensou mesmo que Zégua iria divulgar seu telefone?
Zégua pode ser doido, mas não é besta.

Disk-Zégua? Só no dia em que Zégua virar um caçador de criminosos e um criminoso for qualquer mortal que cometer o OITAVO pecado capital: Falar, escrever, ou divulgar por qualquer meio a expressão: “BOLSA FAMÍLIA”.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

SALADA DE SITUAÇÕES - SORRINDO DA DESGRAÇA ALHEIA, HEIN?

ZÉGUA E AS CONFUSÕES DE UMA TÍPICA FAMÍLIA BRASILEIRA

- Eu vim aqui pra você tirar o nome do meu filho do cadastro daquela égua que %$&#$@#%%$#...

Mais tarde a “égua” chega com outra história.

- Olha aqui, meu filho, uma baixinha assim e assim (descreve a dita cuja) procurou você ontem?
- Sim.
- É o seguinte, meu filho: Aquela rapariga que @#$&%$#@ me deu o menino pra criar assim que ele nasceu. Agora que ele tá criado quer levar ele de volta, ah, não!
- Senhora, é melhor vocês procurarem o fórum...
- Vou procurar sim, e se aquela %$#%$#@@#$$ aparecer por aqui diga que eu mandei ela #$@$%¨&%$...

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- Oi, quero tirar o nome do meu marido do meu cadastro.
- Por que?
- Porque aquele $#@##$$$$#$#&% tá morando com aquela piranha da xxxxxxx.
- Mas e se ele voltar pra senhora?
- Olha aqui, meu filho. Lá em casa aquele &¨%$%#$%% não pisa nunca mais!

TRÊS SEMANAS DEPOIS, lá está a mesma mulher, toda desconfiada...

- Oi, quando a gente tira o nome de uma pessoa do cadastro, tem como botar de novo?

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ZÉGUA, O FILÓSOFO

- No Bolsa Família quem espera... desespera!
- No Bolsa Família quem espera, sempre alcança... mesmo que depois de cinco anos!
- Dize-me quanto ganhas... e eu te direi se te cadastro ou não.
- A mentira tem pernas curtas... mas no Bolsa Família ela tem asas.
- Quem trabalha Deus ajuda... Quem não trabalha, o Lulla ajuda.
- Briga de marido e mulher... só termina quando o Bolsa Família é desbloqueado. (Vocês podem até achar que estou exagerando, mas nosso amigo Zégua já foi acusado até de ser o provocador da separação de um casal. Já contamos essa história antes, na seção “Pérolas do Bolsa Família”. Procure neste blog).

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ZÉGUA, O IMPIEDOSO

Antigamente quando o cartão de alguém era cancelado por razões bem evidentes (tipo renda superior, aposentadoria, etc.), nosso amigo Zégua preparava bem o ambiente para dar a noticia, conversando com a pessoa com toda a calma possível, mostrando no computador como funciona o programa Bolsa Família, para quem é destinado, etc.

Mas ultimamente a paciência de nosso herói está por um fio. Pessoas que não merecem receber (e que muitas vezes mentem descaradamente ao informar a renda da família), costumam chegar em nosso Departamento zangadas e estressadas.

- Eu queria saber por que não tirei meu dinheiro hoje.
- Passei várias horas na fila e quando chegou a minha vez não tirei nada. Me disseram que o problema é aqui.
- Eu quero saber por que bloquearam meu cartão?
- Me disseram que vocês estão com o meu dinheiro.

Em outras épocas, Zégua responderia da forma como descrevemos acima. Mas hoje parece que o rapaz não tem mais coração. Na verdade, ele está é cansado de ser acusado de mentiroso, ladrão e coisas parecidas. E suas respostas estão na ponta da língua:

- Seu cartão tá cancelado. Não presta mais. A senhora pode guardar se quiser, mas só vai servir de enfeite.
- Pode jogar fora seu cartão, quebrar, queimar, dar pra criança brincar ou pregar na parede como lembrança.
- Seu cartão tá cancelado, não tem mais jeito, não insista, deixe isso de mão.
- A senhora tá vendo aquele lixeiro ali?... Se não tiver coragem, eu mesmo jogo.

Zégua, com o cartão da senhora na mão, vira-se para uma colega e pergunta:
– Cadê aquele isqueiro e aquele álcool que eu pedi pra você guardar pra ocasiões especiais como esta?
É claro que ele nunca destruiu e nem pretende destruir o cartão de ninguém... mas é melhor não facilitar.

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MULTIPLICIDADE CADASTRAL - COISA QUE DÁ NOS NERVOS

Zégua vai atualizar um cadastro e aparecem cinco interligados.

O filho da beneficiária do cadastro 1 está casado com a beneficiária do cadastro 2, que é filha da beneficiária do cadastro 3, que mora com o marido da beneficiária do cadastro 4, que se juntou com o filho da beneficiária do cadastro 5.

Então, para atualizar um cadastro, nosso amigo é obrigado a atualizar cinco de uma só vez, pois, nessa situação, o programa não aceita o conserto de apenas um.
Mas desgraça pouca é bobagem. A beneficiária do cadastro 3 está sem CPF e Título Eleitoral (dois documentos essenciais), e o programa não aceita a falta dessa informação.

PENSAMENTO POSITIVO - Ah, mas é só pegar o formulário preenchido para encontrar as informações, certo?
A REALIDADE - Quem dera! Com as recentes mudanças de prédio, alguns cadastros desapareceram e o que estamos precisando foi um deles.

PENSAMENTO POSITIVO - Ah, então manda chamar a responsável, para trazer os documentos e atualizar os dados.
A REALIDADE - Acontece que a individua foi embora pra outra cidade há seis meses e nem levou a transferência.

PENSAMENTO POSITIVO - Ah, então pede para os parentes entrar em contato com ela.
A REALIDADE - Ela se mudou para um povoado que não tem nem orelhão telefônico.
E agora?

Por causa de um só cadastro, não é possível atualizar os outros quatro. Essa é a hora de Zégua tirar do seu cofre secreto suas mais criativas artimanhas. Se existe uma coisa positiva nesse estressante trabalho é que você é obrigado a ser mais criativo do que um ilusionista hollywoodiano.

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LENDAS DO ZÉGUA – COMO INCENTIVAR AS CRIANÇAS A ESTUDAR?

- Meu filho, por que você se tornou tão dedicado aos estudos recentemente?
- Mamãe, eu tenho que estudar. Eu PRECISO estudar. Deus me acuda se eu não estudar. Prefiro morrer do que deixar de estudar.

A mãe ficou muito curiosa.
- Mas, meu filho. Por que de repente essa vontade tão louca pra estudar? Você que só era o primeiro da classe no dia em que faltava o restante da turma...
- Mamãe, hoje na escola a professora apresentou um vídeo, mostrando a vida de uma pessoa muito trabalhadora. Mostrou o dia-a-dia dela, no serviço. No final a professora nos disse:
- Estão vendo, meninos? Este aqui tem este tipo de serviço porque não estudou para passar num concurso decente.
- Que vídeo era esse, meu filho?
- A VIDA DE ZÉGUA.

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ALGUMAS DIFERENÇAS ENTRE ANTIGAMENTE E HOJE

Antigamente...
- Obrigado, amigo. Põe tudo no meu cartão (um rico falando pro funcionário do Shopping).

Atualmente...
- Obrigado, amigo. Põe tudo no meu cartão (um pobre falando pro comerciante, que tem o péssimo hábito criminoso de ficar com o cartão do Bolsa Família como refém).

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Antigamente...
- Bom dia, filho. Cadê seu pai?
- Tá trabalhando.

Atualmente...
- Bom dia, filho. Cadê seu pai?
- Tá gastando o dinheiro do Bolsa Família no Bar do Zezão.

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Antigamente...
- Meu filho, vá pro quarto. Seu pai tá nervoso hoje. O time dele perdeu.

Atualmente...
- Meu filho, vá pro quarto. Seu pai tá nervoso hoje. O cartão do Bolsa Família foi bloqueado.

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Antigamente...
- Quando crescer, meu filho vai ser doutor. Faço tudo pra ele não perder aula...

Atualmente...
- Se meu cartão não for desbloqueado não vou mais mandar as crianças pra escola.

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Antigamente, numa reportagem de televisão...
- Estamos aqui com a família da senhora Severina, que não desanima com as dificuldades do dia a dia e tem prazer em enviar seus filhos pra escola todos os dias. As crianças têm que atravessar um grande percurso, passar por uma ponte velha, uma trilha perigosa, perto do rio, passar por dentro da mata e tudo isso a pé. As crianças saem de casa ainda de madrugada, andam mais de 10 quilômetros a pé, blá, blá, blá, blá...

Atualmente...
- O Conselho Tutelar recebeu uma denúncia de uma vizinha que afirma que a senhora Severina não está deixando os filhos ir pra escola. Vamos tentar falar com ela. Dona Severina, por que a senhora não manda os filhos pra escola?
- Como, meu filho? As crianças não têm como se vestir, comprar caderno, comprar...
- A senhora recebe algum beneficio do Governo Federal?
- Ah, meu filho, mas aquele dinheiro não dá pra nada, e...
- Dá mesmo não! – Grita a vizinha – Ela tá usando o dinheiro pra pagar a prestação do aparelho de som que comprou.

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UM CARTÃO NATI-MORTO

Sabe quando uma criança nasce morta? Melhor seria dizer que foi retirada morta.
De vez em quando acontece coisa parecida com os cartões do Bolsa Família.

Exemplo: A senhora foi cadastrada há cinco anos. Na época ainda não era aposentada. Hoje, cinco anos depois, seu cartão chegou. Saltitando de alegria ela foi sacar o beneficio, mas voltou decepcionada. O cartão está cancelado. Como assim? Nesses últimos cinco anos, muitas coisas aconteceram e a senhora se aposentou. Rapidamente o sistema do governo descobriu que ela é aposentada e cancelou seu cartão... mesmo assim enviou o dito cujo só pra criar confusão pra cima do Zégua.

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SE A MODA PEGA...

- Meu filho, não sei mais o que fazer. Faz tempo que meu cartão tá bloqueado. Já fiz de tudo. Todos os dias, às 5:00 horas da manhã, na hora da oração daquele pastor, aquele que ora e acontece os milagres... pois é, todos os dias, às 5:00 horas, na hora da oração, eu coloco o cartão do Bolsa Família sobre a televisão.

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DINHEIRO QUE FAZ MILAGRE

- Meu filho, por favor, faça alguma coisa, desbloqueie meu cartão, senão não posso pagar meu sindicato e minha funerária - suplica uma senhora aposentada.

Zégua imagina que ela deve receber mais de R$ 100,00 pra estar nesse desespero. Quando olha na folha de pagamento, se contêm pra não sorrir.
Todo o dinheirão é apenas R$ 22,00.
- Sabe cumé, meu fio, 22 reais já ajuda muito, Rê! Rê! Rê!

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Lendas sobre os colegas do Zégua - TONHÃO DA PEIXEIRA, UM CABRA VALENTE... E TRAUMATIZADO

Antonio Zenóbio estava há seis meses vivendo naquele distante povoado. Tentava refazer a vida depois de enfrentar alguns problemas na cidade onde residiu muitos anos. Era um homem de coragem. Seis meses morando naquele desconhecido povoado e sua fama de corajoso e audacioso já havia se espalhado em toda região. Qualquer desafio e o homem estava lá.

Chegou um arruaceiro no povoado, desafiou Deus e o diabo, espantou todo mundo... ou quase todo mundo. Antonio Zenóbio, também conhecido como Tonhão da Peixeira, rapidamente botou o cabra pra correr.

Apareceu uma grande sucuri no riacho da região, e nosso amigo Tonhão da Peixeira não pensou duas vezes. Lançou-se sobre a bicha e a matou esfolada.

O cara não tinha medo de nada. Mas ninguém conhecia seu passado. Ele não contava pra ninguém, apesar de ter feito amizade com quase todo mundo.

Muitos imaginavam que Tonhão tivesse arrumado alguma encrenca pesada com alguém na cidade grande, ou quem sabe, até com a policia, mas o homem não revelava nada a ninguém.

Ali perto havia um vale cheio de histórias e mistérios. Um velho cemitério, muito antigo mesmo, e que ninguém tinha coragem de passar perto, muito menos enterrar um parente. Muitas histórias escabrosas eram contadas. Tonhão não dava a mínima. Até o dia em que alguém fez um desafio. Daria uma boa recompensa ao cabra que tivesse coragem de, à meia noite, ir até o velho cemitério e trazer uma cruz de lá. Isso foi sopa pro nosso amigo Tonhão.

Num dia chuvoso, à meia noite, o cabra foi até o cemitério, arrancou uma cruz bem antiga e trouxe pra todo mundo vê. Depois, todos ficaram bebendo até o dia amanhecer.
Tonhão não tinha medo de nada.

Nada metia medo em Tonhão, nada fazia aquele cabra tremer.

Mas um dia um rapazinho chegou ao povoado. Parecia um estudante fazendo pesquisas. Conversou com uns aqui, outros acolá. Tonhão estava descendo a serra, era meio dia e o cabra estava com muita fome. Havia um acampamento ao pé da serra onde os homens costumavam almoçar. Lá vinha Tonhão descendo a serra, cansado, mas feliz. No mesmo instante o rapazinho recém-chegado vinha subindo a serra. Já tinha conversado com todo mundo, menos com o Tonhão.

- Tonhão, esse rapaz quer falar com você! – Gritou uma voz lá no barracão.

- Tou descendo – disse nosso herói.

De repente alguém ouviu um grito. Todos saíram do barracão. Parecia que alguém tinha sido esfolado por algum animal. E o som foi ficando distante, distante. Parecia alguém sendo perseguido por alguma fera. Rapidamente os homens apanharam suas armas.

Lá fora estava o rapazinho parado, bastante confuso, tentando entender o que estava acontecendo.

- O que houve por aqui, amigo?

- Sei lá. Quando o homem, que vocês chamam de Tonhão, olhou pra mim, ficou tão assustado que parecia ter visto um fantasma. O grito foi tão aterrorizante que rapidamente olhei para trás de mim, temendo que alguma coisa estivesse me ameaçando. Mas não havia nada. Quando tornei a olhar para o seu Tonhão, o homem já estava do outro lado da serra, gritando como louco, sem olhar para trás.

E a partir daquele dia ninguém mais ouviu falar do Tonhão da Peixeira.

O mistério durou vários meses. Até que alguém resolveu investigar a história. Logo outras pessoas se juntaram ao investigador. Descobriram o nome da cidade onde o Tonhão havia morado vários anos. Foram até o local onde ele trabalhava, conversaram com seus antigos colegas, juntaram as peças do quebra-cabeças e então tudo foi esclarecido.

A pista final foi dada pelo rapazinho que havia visitado o povoado do Tonhão. Tudo se encaixou. O rapazinho contou o seguinte:

- Naquele dia, ao descer da serra (no momento em que eu estava subindo), seu Tonhão olhou para mim. Mas não foi minha cara que o assustou. Ele olhou para mim e sorriu. Aproximou-se ainda mais. Então olhou para minha camisa e foi então que arregalou os olhos como se tivesse visto uma assombração.

- E tinha algum desenho horrível na sua camisa, tipo uma caveira, uma serpente, um dragão, um fantasma? – Perguntou um dos investigadores.

- Não, nada disso. Só havia um slogan de um programa do governo federal e uma frase:

....................EU TRABALHO NO BOLSA FAMILIA...................

terça-feira, 27 de outubro de 2009

LENDAS URBANAS SOBRE O ZÉGUA – UMA VELHA FÁBULA ADAPTADA AOS NOVOS TEMPOS

Certo dia, ao ver um jegue atravessando a rua, Zégua fez uma aposta com seu velho amigo Arnildo Rochildo.

- Ah, descobri um novo truque. Conheço alguns segredos sobre a linguagem dos animais.
- Não vai me dizer que agora fala com animais? Essa eu quero ver.
- Pois veja. Vou usar apenas palavras e aquele jegue vai esboçar várias reações diferentes. Ele vai fazer coisas surpreendentes.

Rochildo riu, incrédulo, enquanto Zégua se aproximou do animal. Chegou perto do ouvido do jegue, disse alguma coisa e de repente o bicho derramou algumas lágrimas.
Rochildo ficou impressionado.

Zégua falou pela segunda vez e o animal chorou desesperado, como quem tivesse perdido um parente próximo.

Zégua falou novamente e desta vez o animal rolou no chão de tanto rir.

- Inacreditável! – Exclamou Rochildo.

Zégua falou pela quarta vez e – MILAGRE! – o bicho o abraçou, dizendo duas palavras:
- MEU IRMÃO!
- Essa não! – Exclamou Rochildo, olhando ao redor para ver se mais alguém estava testemunhando aquilo.

Zégua falou pela quinta vez e o animal se ajoelhou, colou as patas dianteiras uma na outra, como se estivesse em posição de oração e fechou os olhos durante alguns minutos. Arnildo ficou boquiaberto.

Quando Zégua falou pela sexta vez, o bicho olhou furioso para o Arnildo. Depois investiu contra ele, soltando fumaças pelas ventas, com tanta ira que, desesperado, nosso amigo Arnildo teve que se esconder dentro de um comércio. O animal não se conteve e ficou dando coices no portão do comércio e estava prestes a derrubá-lo, quando Zégua se aproximou e cochichou alguma coisa no ouvido do bicho.

Ao ouvir o Zégua pela sétima vez, o jegue tremeu todo, olhou apavorado para o nosso amigo e em seguida deu uma carreira tão grande e desesperada que mais tarde foi encontrado no meio do mato, desmaiado de tanto correr.
Rochildo saiu, todo desconfiado e ainda tremendo.

- Zégua, que raio de truque foi esse? Desta vez você se superou. O que você disse que provocou toda aquela loucura no jegue?

A HORA DA REVELAÇÃO.

- A primeira frase: SOU FUNCIONÁRIO PÚBLICO.

- A segunda frase: SABE QUANTO EU GANHO POR MÊS? $%#¨%%¨&¨*@.

- A terceira frase: TRABALHO NO DEPARTAMENTO DO BOLSA FAMILIA.

- A quarta frase: MEU HORÁRIO DE ATENDIMENTO É O DIA TODO, EM QUALQUER HORA E LUGAR.

- A quinta frase: GERALMENTE AS PESSOAS QUE ATENDO ESTÃO ESTRESSADAS E ACHAM QUE ESTOU MENTINDO PRA ELAS. SÓ DEUS PRA ME DAR PACIÊNCIA.-

- A sexta frase: SABE QUEM CRIOU O BOLSA FAMILIA? AQUELE CARA ALI.

- A sétima frase: VOCÊ QUER TRABALHAR NO MEU LUGAR?

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

ZÉGUA, ADMIRO SUA PACIÊNCIA... EI, ABAIXA ESSA ARMA!

- O senhor é o Zégua? É que...
- Seu cartão tá bloqueado, cancelado, o dinheiro diminuiu, foi roubado, quebrou, a senhora perdeu... ou está por aqui só para matar a saudade da gente? – Pergunta o Zégua, sorrindo, curioso com a reação da recém-chegada, que o olha de forma esquisita, como se estivesse pensando: “Esse aí não tem o juízo normal”.
- Não é nada disso, não – a senhora senta e mostra um papelzinho – É que fui tirar o dinheiro e apareceu essa mensagem aí.

“O CADASTRO DE SUA FAMÍLIA ESTÁ DESATUALIZADO. PROCURE A PREFEITURA PARA FAZER A ATUALIZAÇÃO E EVITAR O BLOQUEIO EM NOVEMBRO”.

- A senhora fez a revisão recentemente?
- Fiz.
- É, seus dados foram atualizados e enviados no mês passado – informa o Zégua, depois de olhar na base cadastral.
- E este aviso?
- É porque o governo federal prorrogou o prazo da revisão e continua enviando o mesmo aviso para todo mundo. Se a senhora já revisou não precisa se preocupar.
- E se continuar vindo o aviso?
- Deixa vir. Talvez venha até o juízo final – responde o Zégua, já meio irritado.
- Tá bom, então não é pra eu me preocupar...
- Se seu cartão bloquear, a senhora me procura...
- Tá, mas se continuar aparecendo a mensagem...
- É como EU JÁ DISSE. O aviso não mata ninguém. Se der qualquer problema no cartão, a senhora me procura...
- Tá certo. Mas por que eles continuam mandando esse aviso?
- É porque – o sangue começa a ferver na cabeça do Zégua – é porque é muita gente pro governo dá conta. Se der problema a senhora me procura.
- Tá bom. Vou ver no próximo mês... – Antes de cruzar a porta, olha pro Zégua e torna a dizer – mas a mensagem diz que meu cadastro não foi atualizado...

“SENHOR, NÃO DEIXA EU COMETER UM HOMICIDIO AGORA!” – Ora Zégua, em pensamento.

- Tá bom, senhora. Vou torcer pro seu cartão ser bloqueado e aí vamos ter alguma coisa pra resolver.
- Você é doido?!

E a perseguição continua. Em qualquer horário ou local, pessoas e mais pessoas aproximam-se do Zégua e de sua equipe com a mesma perguntinha irritante:
- Eu queria saber o que significa esta mensagem, pois revisei meu cadastro e aqui diz que não revisei.
Zégua olha para um amigo e pergunta:
- TEM CURA PRA ISSO?

COMO DIZIA AQUELE DÉBIL MENTAL, QUE FUGIU DO HOSPÍCIO: NOSSA INTERNET É A MELHOR DO MUNDO!

- Bom dia, você é o seu Zégua, o rapaz que ajeita cartão?
- Depende de quem está procurando... – responde o Zégua, sem olhar para o recém-chegado – se é cobrador, pistoleiro, funcionário da Caixa, o senhor Zégua não está...
- ??? – O individuo fica uns segundos surpreso com a resposta do nosso herói.
- Sim, sou eu mesmo – fala o Zégua, sorrindo – o que a senhora deseja tão cedo por aqui?
- É que meu cartão...
- Tudo bem, já sei – pega o cartão dela, clica no ícone da internet e prepara-se para acessar o SIBEC.

“A PÁGINA NÃO PODE SER EXIBIDA” – Aparece a mensagem na tela.

- Essa não! De novo? – Irrita-se Zégua. Mexe em alguns programas, clica em vários lugares, tentando forçar a volta da Internet. Mas é tudo inútil.
- Sinto muito, senhora, mas a internet saiu pra merendar de novo... – diante do rosto surpreso do individuo, como se não tivesse entendido nada, Zégua esclarece – O NOSSO SISTEMA ESTÁ FORA DO AR.
- E quando volta?
- Quando nossos administradores criarem verecúndia.
- Verecun... O quê??? – O individuo continua sem entender a mensagem cabalística de Zégua, que respira fundo e torna a falar:
- Sinto muito, só posso tentar resolver seu problema quando a Internet voltar... e ela pegou o avião não sei pra onde, sem deixar recado. O que quero dizer é que estamos com um problema no nosso computador e não sei quando será resolvido.
- E como fica meu cartão?
- Só posso dizer alguma coisa quando resolver este problema aqui. É o jeito a senhora voltar depois. Ah, espere um pouco, parece que já voltou...
Três minutos depois.
- Caiu de novo!
Quinze minutos depois.
- Ah, voltou de novo!
- Quatro minutos depois...
- Tornou a cair.
- Voltou!
- Tornou a cair!
- Tá de volta!
- Ih, caiu de novo!
- Voltou!
- Foi dar banho nos filhos.
- Voltou!
- Que beleza! Foi olhar se estou lá na esquina!
- Ah, resolveu voltar!
- Ah, caiu de novo!
- Voltou!
- Caiu!
- Voltou!
- Caiu!
- Olha, eu vim aqui segunda-feira e o senhor disse pra mim voltar no outro dia.
- Eu já vim quatro vezes nesta semana. Acho que vocês estão me enrolando.
- No mês passado me disseram que o sistema caiu, hoje de novo a mesma molecagem.
- Acho que vou deixar esse negócio de cartão de mão. Todo dia venho aqui e vocês dizem que essa Internet está fora do ar. Se não quiserem resolver digam logo, não fiquem enrolando.

- Espere um momento. Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou! Caiu! Voltou!

Pois é. Nosso Departamento usa um sistema de Internet (via rádio), que, além do sinal ser extremamente baixo, ainda é dividido em mais de 10 (DEZ) computadores espalhados na Prefeitura.

Agora imagine: O Programa Bolsa Família exige uma Internet, de, no mínimo 1000 kbs ou 1MB. (De acordo com o Informe n.º 168, de 15/04/2009 do Ministério do Desenvolvimento Social - www.mds.gov.br/bolsafamilia).

Só para enfatizar: A velocidade mínima para funcionamento do Programa Bolsa Família exigida pelo Governo Federal é 1000kbs e a nossa atualmente... fico até envergonhado de revelar.

É como se uma tartaruga aleijada estivesse competindo com um trem bala!
Está vindo aí a nova versão do CadÚnico, a lendária versão 7.0, que deverá ser acessada on-line... nem quero imaginar o caos que acontecerá!

terça-feira, 20 de outubro de 2009

SETE TÁTICAS PARA TENTAR FORÇAR O ZÉGUA A RESOLVER SEU PROBLEMA

Quando acontece um problema no cartão do Bolsa Família, o usuário procura o Departamento, armado até os dentes... armado com artimanhas, é claro. Se o caso é simples, o Zégua resolve na hora. Se é mais complicado ou não tem jeito (tipo cartão cancelado porque existem dois aposentados na casa, família tem renda superior, não quer mandar os filhos pra escola, etc.), o usuário tenta forçar nosso amigo Zégua utilizando as seguintes artimanhas:

Tática 1 – (apelando para o emocional)

– Meu filho, você precisa ajeitar meu cartão. Estamos passando fome, nóis num tem renda nenhuma, os meninos não tem nem roupa pra ir a escola, não sei o que vai ser daqui pra frente.

Se o caso envolve aposentadoria ou pensão, o usuário já tem a resposta pronta:
- Mas, meu fio, o dinheiro do aposento só dá pra comprar os remédios, blá, blá, blá,...

- Olha, meu fio, to sofrendo de trombose na ossada fina, caxemira no lombo esquerdo, traconites no pé da barriga, tenho bicho no pé, esculhambatite na ponta da língua, preguicite aguda nas duas canelas, blá, blá, blá, veja aqui as receitas (tira uma tonelada de receitas e joga na mesa)... esse dinheiro do aposento não dá nem pra comprar esses remédios. Se meu cartão não for desbloqueado acho que vou morrer. Eita, hoje mesmo acordei tonta.

Tática 2 – (tentando vencer o Zégua pelo cansaço) – Depois de ouvir a explicação que o problema do cartão não pode ser resolvido por causa de certos fatores exigidos pelo governo (renda inferior, crianças na escola, etc.), o usuário fica uns minutos em silêncio, olhando pro chão, com o ar de quem aceitou a explicação. Quando pensamos que ele vai sair, olha para o Zégua e insiste:

- Mas meu fio, eu conheço gente que também é aposentada, blá, blá, blá, etc.
Zégua, pacientemente explica tudo de novo. A pessoa parece se convencer. Mas continua sentada, olhando para o chão, para as paredes. Daqui a pouco torna a falar:

- Eu não sei porque vocês cancelaram meu cartão. Pra mim, aposentadoria não tem nada a ver, pois blá, blá, blá,...

Zégua, ainda mais paciente (por fora, porque por dentro a vontade é de ... melhor não publicar), torna a repetir a mesma história, usando palavras mais simples. A mesma reação de antes. O individuo insiste, teima, insiste, teima... até que o Zégua se vê obrigado a usar de criatividade para “expulsar” o sujeito da sala. Outro dia contamos os detalhes.

Quando o individuo sai, Zégua respira aliviado, preparando-se para enfrentar o próximo desafio.

Mas no dia seguinte o mesmo individuo insistente está lá de novo, e na outra semana, no meio da rua, na feira, no comércio, na igreja, ... até que, por algum milagre ele se cansa e vai procurar o que fazer.

Outra situação popular: Depois de procurar o Departamento na segunda, terça, quarta, e quinta, lá vem a senhora novamente:
- Óia eu aqui de novo. Já abusaram minha cara? Pois só vou deixar de vim quando desbloquearem meu cartão.

Tática 3 (apelando pra intimidação)

- É o seguinte: se vocês não ajeitarem meu cartão, vou agora mesmo na promotora...

- Se a senhora quiser, dou até a minha foto pra facilitar as coisas pra doutora – responde o Zégua, logo acrescentando – E aproveite e diga pra ela que eu mando lembranças.

Tática 4 (apelando para o intercessor)

De repente, num local qualquer Zégua encontra um velho conhecido. Fazia um bom tempo que não se encontravam. Conversa vai, conversa vem. Geralmente o individuo é uma pessoa bastante ocupada, mas parece que tirou aquela tarde só pra conversar (“essa alma quer reza”, diz Zégua em pensamentos).

Algum tempo depois, o individuo faz sinal de que vai embora. Dá tchau, vai saindo bem devagar... e Zégua pensando: “acho que me enganei”. Quando o “caboclo” está quase na esquina, volta sobre seus passos, como quem esqueceu ou perdeu alguma coisa. Com a cara mais limpa do mundo, diz:

- Ah, por acaso me lembrei de uma coisa agora. Você conhece o Mussenga?

“Lá vem” – Pensa Zégua, logo respondendo:

- Acho que sim, por quê?

- Ah, é que ele me pediu pra falar com você sobre o cartão dele que... blá, blá, blá.

Tática 5 (Usando o nome de uma autoridade)

- Oi, meu cartão tá bloqueado e o Prefeito mandou você resolver.

- Oi, a mulher do prefeito disse pra você fazer o possível e impossível pra resolver meu caso.

- Oi, a mãe do prefeito disse que só você pode resolver meu caso.

- Oi, o prefeito disse pra você parar tudo que está fazendo e resolver o meu caso.

- Oi, o vereador Chico das Cobras disse que você é pago pra isso.

Tática 6 (apelando para as propinas)

- Olha, eu sei que meu cartão foi cancelado porque tenho duas aposentadorias, mas se você fazer ele funcionar de novo, trago um negócio pra você.

- Olha, se você desbloquear meu cartão, trago umas jacas pra você.

- Olha, tô criando um frango lá em casa só esperando você resolver meu problema.

- Resolve meu problema que depois a gente se acerta.

- Vamos lá, faz uma forcinha aí, eu sei que você sabe como resolver meu problema. Você não vai se arrepender.

- Eu sei que você é um menino bom, sabe que essa aposentadoria que recebemos do governo não dá pra nada. Dá um jeitinho aí que depois eu trago um presente pra você.

Tática 7 (apelando para a adulação)

- Vamos lá, eu sei que você é muito inteligente, isso é sopa pra você.

- O Município tem sorte de ter um funcionário dedicado como você... é por isso que eu tenho certeza que vai resolver o meu problema.

- Pense num cabra de coração bom... que pensa nas criancinhas que passam fome, que não tem roupa pra ir pra escola, que não tem um brinquedinho... esse aí (falando com outra pessoa e apontando para o Zégua) é um menino direito. Eu tenho É CERTEZA que ele vai resolver o meu problema.

- Faz uma força aí, meu fio... conheço você desde criancinha. Conheci seu pai, gente boa. Sua mãe sempre passava lá em casa, uma mulher muito distinta. Quando me disseram que quem resolve problema de cartão é você eu disse: Graças a Deus, hoje recebo meu dinheirinho de novo.

TESTE DE MÚLTIPLA ESCOLHA – O QUE ACONTECEU COM A INTERNET DO ZÉGUA?

Todos que trabalham com os programas do governo federal sabem que a Internet é uma ferramenta mais do que essencial para o bom funcionamento dos tais programas. O Bolsa Família, por exemplo, depende mais da Internet do que o Zelaya do Lula que... bem, deixa pra lá. Recentemente a lerdíssima internet usada pelo Zégua para transmitir os dados do Bolsa Família foi dar uma volta, tomar banho, dar de mamar aos filhos, dar um tempo, curtir umas férias na Europa, etc. Sumiu sem deixar recados.

Mais de uma semana depois, Zégua toma conhecimento do que realmente (???????) aconteceu com a Net. Quem se arrisca a acertar?

a) Deu problema no servidor;
b) Queimou alguma peça importante no aparelho que transmite o sinal;
c) A Prefeitura deixou de pagar os serviços;
d) Houve uma violenta tempestade na região, um raio caiu e atingiu a torre que transmitia o sinal da net;
e) Usuários revoltados, porque seus cartões foram bloqueados, derrubaram a torre;
f) Um mágico passou pela cidade e fez a torre desaparecer;
g) Ladrões audaciosos subiram na torre e roubaram o aparelho que transmite o sinal.

Bem, ainda não chegamos no ponto da alternativa da letra “e”, mas algumas mentes criminosas já ameaçaram derrubar o prédio onde funciona o departamento do Bolsa Família... só porque seu cartão foi bloqueado. Nesse dia uma colega do Zégua respondeu:
- A senhora pode jogar a bomba aqui, contanto que seja num horário que a gente não esteja.

A alternativa correta é a letra “g”. Pois é, conforme a versão oficial (proferida por alguns funcionários da Prefeitura), uns ladrões subiram na torre e roubaram o aparelho transmissor. Era só o que faltava. Imagine agora.

Em tempo: Antes que algum espertinho faça deduções precipitadas, informamos que existem duas redes de internet em nossa cidade. A usada pela Prefeitura e seus departamentos está fora do ar, não a outra, que usa outra torre... e sem esta imagine o caos agora.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

“ATÉ QUE EU QUERIA VOLTAR PRA IGREJA... MAS MEU BOLSA FAMÍLIA TÁ BLOQUEADO.”

Você deve estar se perguntando: O que é que tem a ver uma coisa com a outra?

Recentemente um senhor, muito angustiado, procurou nosso amigo Zégua. Disse que já tinha falado com o Prefeito – é interessante que acontece muito isso por aqui. Quando o cartão apresenta algum problema muitas vezes a pessoa corre para o Prefeito antes de procurar o departamento certo. Algumas pessoas já chegam pressionando:

- O Prefeito disse que você tem que resolver meu caso.

Zégua parece ter sangue de barata, mas muitas vezes se irrita e responde:

- Diga para o Prefeito procurar o que fazer.

Bem, o senhor acima referido chegou angustiado, dizendo que não dormiu “ontem à noite”, não sabe mais o que fazer, o que será da vida, do futuro dos filhos, etc., etc. – Parece até que morreu um parente muito próximo... Não! É só o cartão do Bolsa Família que está bloqueado.

E o senhor contou seu drama em detalhes (esse pessoal gosta de entrar em detalhes). A mesma conversa de sempre. Mas num determinado momento Zégua se segurou para não sorrir. Aquela era inédita. Tinha que ir para a sua coleção de pérolas. O moço disse:

- Minha mulher está afastada da Igreja. Ela estava até pensando em se reconciliar este mês, mas agora o cartão foi bloqueado...

Antes que Zégua perguntasse: “Mas o que tem a ver?”, o moço continuou:

- Ela disse que só iria se reconciliar se tivesse um vestido novo, tinha planejado comprar quando saísse o dinheiro do cartão. Mas agora...

Bem, pra não dizer que a história não teve um final feliz, depois de ouvir do Zégua que seu caso seria resolvido, o moço disse:

- Ah, mas ela disse que vai voltar pra Igreja, mesmo que seja com uma roupinha velha.

“ENTRE O BOLSA FAMÍLIA E SEUS DEPENDENTES HÁ MAIS MISTÉRIOS DO QUE SUPÕE A NOSSA VÃ IGNORÂNCIA” (Zégua Chakespeare)*

A situação descrita a seguir não é um caso isolado, mas é o que acontece na grande maioria dos cadastramentos ou revisão cadastral do Bolsa Família.

- A senhora tem alguma renda?
- Não, meu filho, sou lavradora.
- Sim, mas quanto a senhora acha que ganha por mês, trabalhando na lavoura?
- Ah, uns... (pensando, pensando, pensando)... acho que... sim, uns R$ 50,00.
- Cinqüenta reais?
- Sim.
- E mais alguém trabalha? Seu marido, por exemplo?
- Ah, meu filho, ele também é lavrador... ganha uns ... talvez uns R$ 80,00 por mês...
- A senhora tem filhos?
- Uns cinco.
- Alguém trabalha?
- Não, todo mundo só estuda.
- Ok, ok. Bem, preciso completar outras informações aqui (e o funcionário vai até os campos 253 a 261 do Cad-Único, que tratam das despesas mensais da família) – Quanto sua família gasta, por mês, com alimentação?
- Ah, meu filho, uns R$ 400,00.
- Ok (o funcionário fica tentado a perguntar algo, mas se controla) – e quanto gasta com transporte?
- Uns R$ 50,00.
- E com medicamentos, remédios?
- Ah, uns 200,00.
- Vocês têm fogão a gás?
- Sim.
- Quanto gasta por mês?
- Um botijão, uns R$ 38,00.

Depois de concluir as perguntas (gastos com luz, água, e outras despesas), e despachar a família, o funcionário se pergunta (a mesma pergunta que se faz quase todo dia, diante de centenas de casos parecidos):

- Qual a fonte financeira secreta que esse povo possui? A renda familiar não chega a R$ 150,00, mas as despesas passam de R$ 600,00.

a) Ou quase todo mundo tá mentindo;
b) Ou eles possuem uma fonte financeira secreta, uma mina escondida, um tesouro debaixo do colchão ou coisa parecida;
c) Ou estamos falando noutra língua e eles estão entendendo outra coisa;
d) Ou são é mais espertos que todos nós juntos.

Alguém tem alguma outra teoria?

* Em tempo: A frase introdutória é uma paródia da famosa expressão do grande Shakespeare: “HÁ MAIS MISTÉRIOS ENTRE O CÉU E A TERRA DO QUE SONHA A NOSSA VÃ FILOSOFIA”.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

O MDS E A VELHA BRINCADEIRA “TOQUE O BESTA PRA FRENTE”

As conseqüências da revisão cadastral começaram aparecer. Famílias, com poucos membros e que um deles é aposentado, pensionista ou possui renda superior, começaram a ter os benefícios cancelados. E a história se repete: o individuo vai à casa lotérica, preocupado com as contas que terá que pagar, passa o cartão na máquina e recebe apenas um papelzinho com a misteriosa mensagem: “PRÓXIMO PAGAMENTO, VIDE CALENDÁRIO DE BENEFICIOS”.

O funcionário da Casa informa, todo inocente:

- Procure a Caixa. Lá eles resolverão seu problema.

O individuo sai ainda mais preocupado, pois terá que viajar até a cidade vizinha mais próxima (36 km). Sua situação financeira é tão caótica que nem um mágico profissional consegue tirar uma moeda de 10 centavos do seu bolso.

Mas pobre é criativo. Principalmente o brasileiro. Especialmente o nordestino. Dá sempre um jeito. Tem sempre um amigo mais sortudo que possa lhe emprestar um realzinho.

Então nosso amigo chega na Caixa, apresenta seu problema e o funcionário cara fechada, olhando para o outro lado diz com toda frieza possível:

- Procure a Prefeitura do seu Município. Eles que bloquearam seu cartão.
Zangado, o sangue fervendo, cabeça quente, quase naquele ponto em que o cientista Bruce Banner está prestes a se transformar no incrível Hulk, nosso destemido cidadão brasileiro volta ao seu Município, e procura a Prefeitura, lamentando porque a esposa não o deixou levar a “peixeira”.

O atendente diz, sem um pingo de emoção – longe de imaginar que está arriscando a vida:

- Ah, moço, não é aqui não. Procure a Secretaria de Assistência Social. É perto daqui, mas é outro departamento.

Nosso herói – que perdeu um dia de serviço – irrompe repentinamente no Departamento do Bolsa Família, não perguntando mais O QUE aconteceu com o seu beneficio, mas:

- POR QUE vocês bloquearam meu cartão? Meus filhos estão passando fome, não tem roupa pra ir a escola, não tem cadernos, não tem...

- Calma aí, meu senhor – o funcionário, quase “careca” de lidar com aquele tipo de situação – convida o homem pra sentar, olha seu papelzinho, com a fatídica mensagem: “PRÓXIMO PAGAMENTO, VIDE CALENDÁRIO DE BENEFICIOS”. Respira fundo e pergunta: - Existe alguém aposentado na sua família?

- Olha, meu filho, eu conheço muita gente que tem dois “aposento”, e tá tirando todos os meses – responde o senhor ainda mais irritado – meu vizinho é aposentado e recebe o bolsa família todo mês, a sogra da tia do cunhado do meu avô é aposentada e...

- Não, meu senhor. O senhor não entendeu. Eu perguntei se existe alguém aposentado na SUA família...

- Ah, eu sou aposentado, mas...

- E quantos filhos o senhor tem?

- Da primeira mulher ou da atual?

- Da atual, que está morando com o senhor agora, que está no seu cadastro.

- Ah, nós “temo” uma menina de 10 anos... mas ela nunca faltou na escola...

- Então são três pessoas na família e o senhor é aposentado...

- Sim, meu filho, mas o cunhado da irmã do meu pai...

- Tudo bem, “siô”, deixa eles pra lá. Deixe-me dar uma olhada no sistema...

Minutos depois (quer dizer, duas horas depois, pois a internet da maioria dos municípios nordestinos é tão veloz quanto uma tartaruga aleijada subindo uma montanha)...

- Olha, aqui no sistema diz que o seu beneficio foi cancelado porque sua renda ultrapassou o limite estabelecido pelo governo federal... e blá, blá, blá...

Quando o homem revoltado, porém um pouco mais calmo, sai...

O funcionário vira-se para o colega ao lado e faz a mesma pergunta que vem se fazendo há muitos anos:

- POR QUE É QUE O PESSOAL DE BRASILIA NUNCA INFORMA NO COMPROVANTE A VERDADEIRA RAZÃO DO BENEFICIO SER BLOQUEADO? POR QUE INSISTEM EM COLOCAR A MESMA MENSAGEZINHA IRRITANTE: “PRÓXIMO PAGAMENTO, VIDE O CALENDÁRIO DE BENEFICIOS”? O QUE CUSTAVA DIZER A VERDADE? O QUE CUSTAVA DIZER: “SEU CARTÃO FOI CANCELADO PORQUE TEM ALGUÉM APOSENTADO”, OU COISA PARECIDA?

Ah, mas a história não acabou:

Dois dias depois o senhor torna a aparecer:

- Liguei para aquele número que tem no cartão, mas ninguém atende. Tentei o dia todo. Liguei o outro número e deu a mesma coisa. Mas hoje tive sorte. A mulher me atendeu e disse que minha aposentadoria não tem nada a ver. Quem cancelou meu cartão “foi” vocês aqui.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

ZÉGUA, O “JACK BAUER” DO BOLSA FAMÍLIA

NA PRESSÃO... NO LIMITE... NO FIM DA LINHA...

Jack Bauer é um personagem vivido pelo ator Kiefer Sutherland na série “24 horas”, apresentado na TV aberta geralmente em janeiro de cada ano, pela Rede Globo. Conta as aventuras de um agente especial do governo americano, especializado no combate ao terrorismo. Jack parece o homem mais azarado do mundo, pois muitas vezes (sempre) tem que resolver vários problemas ao mesmo tempo. Exemplo: Em um só episódio tinha que proteger um candidato à presidente (dos EUA), descobrir quem estava por trás da conspiração, descobrir um traidor em sua própria equipe, descobrir para onde levaram sua esposa e filha (pois é, no meio de tantos problemas ainda seqüestraram a família do rapaz). Daqui a pouco é contatado pelos terroristas que fazem a seguinte exigência: OU VOCÊ MATA O CANDIDATO À PRESIDÊNCIA OU MATAMOS SUA ESPOSA E FILHA – E NÃO FALE COM NINGUÉM – ESTAMOS VIGIANDO VOCÊ O TEMPO TODO!

Bem, onde entra o Zégua nisto tudo?
Recentemente começou mais uma campanha de revisão cadastral (com prazo final até 31 de agosto de 2009). Justamente nesse período “agoniado” os gestores do Município resolveram fazer uma mudança radical: mudaram a Prefeitura para o prédio do antigo hospital (um bem novinho foi construído recentemente). Todas as secretarias mudaram de endereço. O Departamento responsável pelo Bolsa Família também mudou – para um local sem internet, sem ar condicionado e totalmente carecendo de uma grande reforma.
Bem, o tempo se esgotando, o povo pressionando o Zégua e sua equipe (afinal todo dia a mensagem estava lá no extrato do usuário: SEU CADASTRO PRECISA SER REVISADO... OU SERÁ BLOQUEADO EM SETEMBRO!).

Cidade pequena, todo mundo se conhece... Zégua e sua equipe sem paz, parecendo celebridades, sendo interrogados toda hora em todos os lugares possíveis (vejam alguns exemplos na postagem intitulada: PÉROLAS DO BOLSA FAMILIA).

Como os antigos computadores estavam bem ultrapassados, o Departamento conseguiu dois computadores novos... e o tempo se esgotando... tic, tac, tic, tac...

Chega agosto, o mês final para a revisão. A mudança foi realizada, o Bolsa Família está agora no “novo” prédio (mais de 50 anos), numa sala forrada, sem ventilador e sem ar condicionado. Começa a revisão... tic, tac, tic, tac...

Dois computadores novinhos em folha... todos os programas básicos precisam ser instalados... a pressão aumenta...

Zégua tentando instalar o programa do CadÚnico, precisando de muita concentração, o povo gritando de todos os lados: “POR QUE MEU CARTÃO NUNCA VEIO?”, “POR QUE MEU DINHEIRO ABAIXOU?”, “POR QUE ESTÃO DIZENDO QUE MEUS FILHOS NÃO ESTÃO FREQUENTANDO A ESCOLA?”, “POR QUE MINHA VIZINHA TEM A MESMA QUANTIDADE DE FILHOS E EU RECEBO MENOS QUE ELA?”, “MEU CARTÃO FOI BLOQUEADO, LIGUEI PARA O 0800 E DISSERAM QUE O PROBLEMA É AQUI,”, etc.

Zégua tentando instalar os programas... o programa antivírus é muito bom e não deixa o CadUnico ser instalado (geralmente os aplicativos do Bolsa Família vêm carregados com uma tonelada de vírus). Zégua tenta instalar de toda forma possível... o antivírus não deixa... só há uma saída: desativar (ou desinstalar) o antivírus, pelo menos até completar a instalação do CadUnico. É um risco para o computador, mas não tem outro jeito. Antivirus desinstalado. CadUnico instalado. Ufa! Ufa o quê?

Computador começa a se estranhar. Alguns programas não funcionam. Antivírus não instala mais. Opção “restaurar sistema” não funciona. Zégua atualizando os cadastros e preocupado. Tic, tac, tic, tac...

A pressão aumenta. Computador piora. Zégua continua digitando os cadastros, mas muito preocupado. Já atualizou mais de 100 cadastros (ele costuma digitar rápido – também numa pressão dessas!). Zégua sabe que precisa enviar logo os dados digitados para a base em Brasília, pois o computador não está de confiança e a qualquer momento poderá pifar. Mas tem outro problema: os caras responsáveis pela instalação da internet (que moram em outra cidade) ainda não chegaram (apesar de insistirmos todos os dias e mostrarmos que a coisa é séria!).

O tempo se esgotando, o computador ameaçando parar a qualquer momento, Zégua tentando atualizar os cadastros, e a internet nem sinal de vida.
Três semanas antes do prazo final. Os caras da internet chegam. Internet instalada. Rapidamente Zégua envia os dados atualizados. Depois tenta acessar o SIBEC (O sistema via internet para consulta e manutenção dos benefícios do Bolsa Família). Bem, Zégua coloca a senha, mas não consegue acessar. Tenta abrir seu e-mail. Coloca a senha, mas não consegue acessar. Tenta acessar outro programa ligado ao MDS (Ministério do Desenvolvimento Social). A página abre normalmente, mas só até o momento da senha. Nada mais. Zégua preocupado. Tic, tac, tic, tac.

Resolve deixar esse problema pra depois e continua atualizando os cadastros (mas seriamente preocupado). Então, de repente, algo inusitado. O computador reinicia sozinho. Zégua acha que, sem querer, apertou alguma tecla errada. Mas logo depois o computador reinicia novamente. E outras vezes. E mais vezes. Pelo menos de 20 em 20 minutos. Tic, tac, tic, tac.

Tempo se esgotando. Dois computadores novinhos, mas cheios de problemas. Um reinicia sozinho, o outro só desliga se arrancarmos a tomada da parede, vários programas não funcionam, alguma coisa está errada. Tic, tac, tic, tac.

Internet não funciona mais. A tela do computador fica azul, cheia de bolinhas. A conclusão sinistra: PRECISAM SER LEVADOS URGENTEMENTE PARA A ASSISTÊNCIA TÉCNICA – ainda bem que ainda estão na garantia! Ainda bem? Tic, tac, tic, tac.

PÉROLAS DO BOLSA FAMILIA - As hilárias aventuras de Zégua e sua equipe

JÁ QUE O BOLSA FAMILIA QUER NOS MATAR DE ESTRESSE... POR QUE NÃO USÁ-LO PARA NOS MATAR DE RIR?

Várias situações hilárias envolvendo o Bolsa Família no Município de Igarapé Grande, Estado do Maranhão. Certamente você (que trabalha nesse “abençoado” Departamento) também já passou por situações parecidas – ou, quem sabe, ainda mais hilárias. Conheça agora as loucas aventuras de Zégua e sua equipe.

COISAS DA VIDA...- Eu vim aqui pra você tirar o nome do meu marido do meu cadastro – diz a senhora, bastante irritada.
- O que aconteceu com ele?
- Me deixou com um bocado de filhos e tá morando com a amante...
Algumas semanas depois, a mesma senhora aparece, falando baixo e com a cara de gente desconfiada.
- Oi, eu queria que você colocasse o nome do meu marido no meu cadastro de novo... é que nós voltamos...

SEU FLOR E SUAS DUAS MULHERES...
A cadastradora pediu o documento do marido. A mulher ficou imóvel uns segundos, olhou desconfiada para várias direções, visivelmente constrangida. Havia várias pessoas sendo cadastradas (era uma campanha de atualização cadastral). Uma senhora ao lado, falou, quase gritando:
- Como é que ela vai ter o documento se o marido é meu?
Constrangimento geral. A outra olha de volta e grita:
- Marido teu não, marido meu! – E a “oficial” gritou de volta:
- É porque tu tomou de mim!
E o clima ficou pesado. Até que a amante pegou seus documentos e foi embora. A “oficial” não ficou calada:
- Se ela tiver que conseguir alguma coisa com os documentos do meu marido, não vai conseguir nunca.

ESPIRITO DE PORCO
Durante o cadastramento, um cara acendeu um cigarro (cigarro não, um “porronca”), e, sem nenhuma cerimônia, soltou a fumaça no rosto da cadastradora. A colega estava sufocando com a fumaça (pois tem problemas alérgicos). A amiga ao lado pediu:
- Moço, apague seu cigarro, minha colega está passando mal. – O mal-encarado simplesmente respondeu:
- Eu quero é que ela morra!

CONCLUSÃO PRECIPITADA
A mulher zangada, olhou os formulários do cadastro na mesa, viu o cadastro dela e disparou:
- Tem razão o meu cartão nunca ter chegado. Vocês nunca mandaram meu cadastro pra Brasília.

A MEMÓRIA DO BRASILEIRO
Situação muito freqüente. Quando interrogado sobre a data de nascimento, o usuário responde:
- Um momento. Deixa eu procurar meu documento aqui.
O pior é que são pessoas bastante jovens (muitas têm menos de 30 anos e não lembram da data de nascimento).

SOU BRASILEIRA... NÃO DESISTO NUNCA!
- Fui tirar meu dinheiro e o moço da casa lotérica disse que foi cancelado.
Depois de tentar entender o porque do tal cancelamento (examinando a base, o SIBEC, tudo que é possível), Zégua, nosso funcionário sangue-de-barata, não consegue chegar a uma conclusão. Atualiza o cadastro dela (mesmo sem encontrar nenhum erro) e pede pra senhora aguardar uns dias.
Algumas horas depois.
- Oi, você poderia olhar esse cartão pra mim? – É a mulher do vice-prefeito – é que uma senhora me procurou hoje, pedindo uma explicação para o cancelamento do seu cartão.
Quando Zégua olha o cartão é o mesmo da senhora anterior. Daqui a pouco a cara dela aparece lá no canto da porta, meio desconfiada. Zégua responde:
- Olha, eu já expliquei pra ela que, no momento não sabemos o que aconteceu, mas atualizei o cadastro dela e vou aguardar o arquivo retorno.
Mais tarde, quando estava na rua, Zégua ouviu alguém chamá-lo.
- Ei, faz favor – é um dos vereadores da cidade. Ele se aproxima, mostra um cartão Bolsa Família e diz – Eu queria que tu desse uma olhada nesse cartão aqui...
Zégua se contém para não dizer alguma besteira. É o mesmo cartão da senhora persistente.


CONFUSÃO MENTAL I
A mulher chegou de repente e muito zangada (se tivesse armada teria atirado em todo mundo). Olhou para a funcionária e disse:
- Fique a senhora sabendo que eu não sou aposentada, não tenho renda nenhuma, vivo de quebrar coco, sou muito necessitada...
A funcionária tentava dizer alguma coisa, mas a senhora falava tal qual os disparos de uma metralhadora:
- Sou uma pessoa muito pobre, a senhora não devia ter bloqueado meu cartão...
- Minha senhora... – tentou falar a funcionária.
- Os “menino” precisam de material pra escola, estamos passando fome...
- Senhora, eu...
- Não temos o que comer, e a senhora bloqueou meu cartão...
- Olha, senhora, eu...
- Eu gostaria de saber porque você bloqueou meu cartão...
Quando a senhora zangada parou para respirar um pouco, a funcionária aproveitou a chance:
- Olha, minha senhora. EU NÃO TRABALHO COM O BOLSA FAMILIA. A senhora precisa procurar a Secretaria de Assistência Social.
- Aqui não é a Prefeitura?
- Sim, mas...
- Eu liguei pra aquele número que tem atrás do cartão e a moça me disse que quem bloqueou meu cartão foi a Prefeitura.
Quando ela chegou no Departamento do Bolsa Família, estava já sem fôlego e não pôde xingar mais ninguém (pois havia descarregado toda a raiva na pobre funcionária da Prefeitura).

CONFUSÃO MENTAL II
A mulher chega irritada e diz:
- Por que você bloqueou o meu cartão?
- Que cartão, senhora?
- Que cartão? Ora, meu cartão do Bolsa Família.
- A senhora está me confundindo com outra pessoa.
A mulher olha para uma pessoa ao lado e diz:
- E ele ainda tem a cara de pau de negar que é ele.
(A coitada simplesmente confundiu um funcionário do Departamento de Saúde com o Zégua).

SENHOR, EU PRECISO DE PACIÊNCIA... AGOOOOOOOOOOOOOORA!!!
Imagine ter que ouvir, durante 15 minutos uma senhora contar sua história triste, melancólica, deprimente, desesperadora... tentando nos forçar pela emoção a resolver rapidamente seu problema no cartão.
Agora imagine essa senhora ter um problema na garganta e o timbre de sua voz ser uma mistura de rouquidão com sussurro (algo bem irritante mesmo).
Agora pense nessa senhora com a irritante mania de, ao concluir sua história, repetir tudo... não uma, mas até três ou mais vezes... Haja paciência! Às vezes, somos obrigados a ouvi-la durante mais de uma hora... o pior é que ela é zangada e não é fácil despachá-la...
E, pra completar, o problema dela é daquele em que o SIBEC afirma que ela possui RENDA SUPERIOR... ela jura que não e na nossa base também não existe essa renda...
Uma vez eu perguntei se ela não estava jogando na MEGA SENA...
- Talvez a senhora tenha ganhado um dinheirão e só o pessoal do MDS está sabendo.

CARTÃO BOLSA FAMILIA – O NOVO RICARDÃO
A mulher, zangada, aproximou-se de Zégua e disse-lhe:
- Você será o responsável pela separação de um casal.
- O quê?!!! – Ele ficou quase paralisado de espanto. A mulher explica:
- O marido dela disse que, se o cartão dela não for desbloqueado, ele irá se separar dela.

AFINAL, ONDE A SENHORA MORA MESMO, HEIN?- Bom dia, eu quero incluir meu filho mais novo no meu cadastro.
- Pois, não. Qual seu endereço?
- Rua Trem Azul.
Zégua procura, procura, e nada.
- A senhora tem certeza que o endereço é esse mesmo?
- Ah, agora me lembro: quando me cadastrei morava na Rua das Flores.
- Tudo bem – Zégua torna a procurar o cadastro. Alguns minutos depois.
- Não encontrei nada nesse endereço.
- Ah, me lembrei agora. Quando me cadastrei tinha me mudado há pouco tempo para a Rua da Esperança.
- Tudo bem – Zégua, começando a soltar fumaças “pelas ventas”, segue até a seção da rua indicada e alguns minutos depois retorna desanimado.
- Vamos com calma. Me diga os nomes de todas as ruas e povoados onde a senhora já morou.
Logo depois ele sai com uma lista, esperançoso de, desta vez, encontrar a dita cuja.
Mais tarde, volta todo suado, cansado e irritado.
- Sinto muito, mas não encontrei seu cadastro. A senhora lembra de ter feito a revisão no ano passado?
- Lembro.
- Onde foi que a senhora fez?
- Ah, na Lagoa dos Bagres.
- Como é que é? – o sangue sobe na cabeça de Zégua .
- Eu me mudei para a Lagoa dos Bagres faz três anos.
A dita cuja tinha se transferido para outra cidade há três anos, estava de volta à cidade de origem e não tinha trazido a nova transferência.
* Obviamente, os nomes das ruas e cidades foram trocados por nomes fictícios, POR QUESTÃO DE SEGURANÇA NACIONAL (segurança do Zégua, evidentemente).

BOLSA FAMILIA – PERSEGUIÇÃO IMPLACÁVEL I
Final de semana. Zégua vai fazer a feira (como todo pacato cidadão brasileiro). Entre uma banca e outra, várias pessoas se aproximam e dizem:
- Ei, eu queria saber porque você cancelou meu cartão?
- Ei, você é o rapaz que conserta cartão?
- Oi, nesta semana fui sacar meu dinheiro e só tirei R$ 20,00. Por quê?
- Oi, lembra de mim? Liguei para aquele número e me disseram que o problema é aqui mesmo.
No dia seguinte é feriado municipal. O pobre Zégua aproveita e vai fazer umas compras na cidade vizinha. Está numa loja olhando as novidades quando um senhor se aproxima:
- Eu poderia falar com você?
- Pois não.
Então uma senhora se aproxima, dizendo:
- É que eu gostaria de saber o que aconteceu com este cartão...
Zégua sai e entra em outro comércio. Está folheando umas revistas, quando...
- Ei, já resolveu aquele meu problema?
- ???
- Aquele, daquele dia, o dinheiro que “baixou”.
- Ah, sim... (ele diz algo qualquer, mas em pensamentos gritava: VÁ ROUBAR OUTRO!).
Está na rodoviária, aguardando uma VAN para retornar à sua amada cidade, quando... (MÚSICA DE SUSPENSE)... uma senhora se aproxima:
- Você é o rapaz que conserta cartão?

BOLSA FAMILIA – PERSEGUIÇÃO IMPLACÁVEL II
Domingo, na Igreja.
Zégua, que é membro de uma Igreja Evangélica, estava domingo de manhã, às 10:00 horas aproximadamente, ministrando para uma classe de jovens e adultos. É a tradicional Escola Bíblica Dominical, realizada todo domingo pelas igrejas evangélicas.
Enquanto Zégua está concentrado, explicando as lições bíblicas, alguém aparece na porta da igreja e faz gestos chamando alguém (ele está apontando para Zégua).
Alguém se levanta e vai atender o recém-chegado. Volta logo depois, e diz para Zégua:
- Ele queria saber quando será o cadastramento?
O sangue sobe na cabeça de Zégua.
“Essa não! Até aqui na igreja?”

BOLSA FAMILIA – PERSEGUIÇÃO IMPLACÁVEL III
Meio dia e alguns minutos. Zégua está almoçando quando chega alguém.
- O Vice Prefeito quer falar com você urgente.
O pobre Zégua deixa o prato de arroz sobre a mesa, limpa os cantos da boca e sai irritado (quem manda morar perto da Prefeitura?).
Ao chegar no gabinete do Vice Prefeito, este simplesmente diz:
- Resolve o problema do cartão dessa senhora aí.

ZÉGUA ENFRENTA O SISTEMA (Situações ocorridas entre os anos de 2007 a 2008)

CENA I

Uma senhora passa seu cartão Bolsa Família no caixa da casa lotérica e sai apenas um extrato com uma mensagem misteriosa: “PRÓXIMO PAGAMENTO, VIDE CALENDÁRIO DE BENEFICIOS”.

Ela pergunta o que significa e o funcionário recomenda que a mesma procure a Caixa, em Pedradas, uma cidade vizinha.

Obrigada a pedir dinheiro emprestado (para pagar a passagem de ida e volta), a senhora “morta de preocupada” segue até a Caixa. Ao chegar, depois de aguardar na fila mais de uma hora, escuta do funcionário, com toda frieza possível:

- O Problema é no Município da senhora. Procure a Prefeitura.

A pobre começa a ficar mais preocupada e também zangada. Soltando “fumaças pelas ventas” volta pra casa, e de cabeça quente procura a Prefeitura. Lá chegando, um funcionário (que não tem nada a ver com o programa) a envia à Secretaria Municipal de Assistência Social, especialmente para o Departamento do Bolsa Família.

Cada vez mais furiosa, achando que está fazendo parte da velha brincadeira “toque o besta pra frente”, a senhora chega super-estressada, afirmando com toda segurança que seu cartão está bloqueado e que a culpa é dos funcionários da Assistência Social, responsável pelo Bolsa Família.

E os funcionários terão que ter muita paciência para entender o que está acontecendo.

CENA II

Em vez de ir até a Caixa em Pedradas, a pobre senhora resolve ligar para o famigerado 0800 que está inscrito atrás do cartão Bolsa Família. Aguardando ansiosa pela resposta, escuta simplesmente:

- O problema é no Município da senhora. Procure a Assistência Social.

E a velha senhora chega, ansiosa para que seu problema seja resolvido.

CENA III

Ao ligar para o 0800, escuta o funcionário dizer:

- Olha, senhora, seu dinheiro está sendo repassado para sua conta normalmente. O problema deve ser aí no seu Município.

A senhora chega, com olhares acusatórios, já afirmando:

- Não consegui tirar meu dinheiro, liguei para o 0800 e disseram que o problema é aqui. Disseram que meu dinheiro está vindo normalmente, mas que o problema é aqui.

Zégua respira fundo e pede paciência pra Deus.

CENA IV
- Fui sacar meu dinheiro e apareceu a mensagem: “PRÓXIMO PAGAMENTO, VIDE CALENDÁRIO DE BENEFICIOS” – diz a senhora, ao telefone.

- Ah, é porque alguém já deve ter sacado o dinheiro da senhora – responde o funcionário do outro lado, talvez interrompendo um alegre bate papo com os colegas, ou concentrado, fazendo tricô – a senhora deve procurar o pessoal da Assistência Social.

E a senhora, soltando fumaças por todos os lados, chega repentinamente ao departamento do Bolsa Família:

- Não consegui sacar meu dinheiro, liguei pra Brasília e me disseram que alguém já tirou. Disseram também que o problema é aqui.

Depois de ter “agüentado” várias acusações parecidas, Zégua olha nos olhos da senhora e diz:

- A senhora acha que nós é quem sacamos o seu dinheiro?

- Não estou dizendo isso, só estou falando o que o pessoal de Brasília me disse. Alguém pegou meu dinheiro e alguém tem que dar conta.

- Olha, senhora, infelizmente, essa história tem se repetido, e não sabemos mais o que fazer. Veja seu cadastro aqui – ele abre o programa do Cadastramento Único e mostra que o cadastro dela está normal, todo mundo da família incluído, nada de errado.

Acessa o SIBEC (Sistema de Benefícios do Cidadão, um serviço on-line que auxilia no programa BF), e depois de aguardar que sete janelas se abram encontra a seguinte mensagem: “PAGAMENTO EXCLUIDO”. Olha na janela de motivos e encontra: “RENDA PER CAPITA SUPERIOR”.

Vira-se para a senhora e pergunta:

- A senhora é aposentada?

Ela pára por alguns segundos significativos, respira fundo e responde:

- Sou, mas conheço gente que tem dois aposentos e recebe o Bolsa Família, blá, blá, blá, etc.

Recusando-se a crer que foi excluída, por causa da aposentadoria, ela insiste, denuncia a vizinha, a tia, os demais parentes (que alegadamente estão recebendo e tem alguém aposentado). Zégua tenta, inutilmente, convencê-la que a pessoa não é excluída simplesmente por ser aposentada, mas que existem algumas condições. Se é um aposentado, numa família de quatro pessoas, tem direito a receber o BF (renda per capita permite, etc.); se uma família de cinco pessoas possui duas aposentadorias, o cartão é bloqueado, etc. São as normas do programa.

A senhora finalmente vai embora, e Zégua fica se perguntando:

“Por que o pessoal do 0800 não informou a verdade pra ela? O que custava dizer que ela foi excluída por causa da aposentadoria, etc. Teriam evitado uma série de problemas”.

*******
MENSAGEM PARA O MDS (Certamente alguém de lá vai ler isso):
- Uma pequena sugestão: POR QUE, QUANDO VOCÊS BLOQUEIAM (OU CANCELAM) O BENEFICIO DE ALGUÉM (OU ATÉ MESMO DIMINUEM O VALOR DO BENEFICIO) NÃO INFORMAM OS MOTIVOS NO EXTRATO? Mas, talvez por covardia, simplesmente colocam as seguintes mensagens cabalísticas:
“PAGAMENTO BLOQUEADO \ MANUTEN BENEF SIBEC”
“PRÓXIMO PAGAMENTO, VIDE CALENDÁRIO DE BENEFICIOS”
“PAGAMENTO EXCLUIDO”
Etc.
O que custava dizer que a pessoa foi bloqueada ou cancelada e ESCLARECER LOGO NO EXTRATO OS MOTIVOS DISSO TER ACONTECIDO? Facilitaria muito para nós, pois, na maioria das vezes, a pessoa chega zangada, porque ligou para o tal 0800 e o pessoal lá (com preguiça de pesquisar ou porque está ocupado fofocando ou fazendo tricô) simplesmente diz: “O PROBLEMA É NO MUNICÍPIO DE VOCÊS. PROCUREM A ASSISTÊNCIA SOCIAL. FORAM ELES QUE BLOQUEARAM O SEU BENEFICIO, etc.”. Ta na hora de mudarem radicalmente esse 0800 ou acabarem com ele (o que seria ótimo para a nossa reputação).

*******

CENA V

Ao olhar no SIBEC, Zégua nota que o beneficio da senhora foi cancelado, e os motivos são: RENDA PER CAPITA SUPERIOR.
Acontece que a senhora é conhecida de todo mundo, e mal tem “onde cair morta”. Zégua consulta a base do Cadastramento Único, para saber se algum valor foi digitado de forma indevida. Quem sabe, na hora de digitar R$ 20,00 foi colocado R$ 200,00 ou pior, R$ 2.000,00?

Mas não! As informações no cadastro estão corretíssimas. Nenhuma renda alta. Em alguns casos, nem “renda baixa”. Ele olha para a senhora e diz, sorrindo:
- Será que a senhora não ganhou na mega-sena e não está sabendo? O negócio é o seguinte: O governo está achando que a senhora tem alguma renda alta, aqui no cadastro não está informado isso, e todos sabemos que a senhora não é aposentada, ninguém na sua família é, e ninguém tem renda nenhuma. Ligue novamente para o 0800, exigindo que eles revelem que renda alta é esta que dizem que a senhora tem.
Resultado: Insistem que o problema é no Município. Ou mudam de tática, afirmando: seu pagamento foi excluído. Essa exclusão foi realizada em seu Município.

CENA VI

A senhora chega ofegante, preocupada porque seu cartão foi bloqueado. Já foi até na Caixa de Pedradas e afirmaram a velha ladainha:

- O problema é no Município da senhora (parece-me que o pessoal da Caixa daqui e o do 0800 se formaram na mesma escola).
Quando ela chega nos procurando, examinamos a folha de pagamento do mês e lá está bem claro, que o pagamento dela está LIBERADO. Volta na casa lotérica, dá bloqueado. Acessamos o SIBEC e lá está LIBERADINHO DA SILVA! O que fazer numa situação dessa? Dependendo da personalidade da pessoa, devemos nos preparar para ofensas e insinuações maldosas.

CENA VII

Julho de 2008. O MDS (Ministério do Desenvolvimento Social) resolve fazer uma manutenção no SIBEC, durante um mês. Recebemos uma correspondência falando sobre isso. Durante um mês inteiro não poderemos acessar o SIBEC para desbloquear cartões ou tentarmos descancelar. Só poderemos VISUALIZAR a situação da pessoa sem podemos fazer nada.

Exatamente nesse período, dezenas de problemas afetaram os usuários do BF. As pessoas, muitas desesperadas, chegavam até nós, pois seu cartão, por alguma razão fora bloqueado, e informávamos que não poderíamos fazer nada naquele mês até o sistema voltar ao normal.

Imaginem isso acontecer, exatamente num período eleitoral. Imagine você ser um eleitor “do contra”, seu cartão foi bloqueado (de outras pessoas também, que não são “do contra”, mas isso ninguém nota). Qual a conclusão lógica?

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MENSAGEM PARA O MDS:
Imaginem a gente impossibilitada de acessar a manutenção do SIBEC (durante todo o mês de julho e parte de agosto), dizendo isso às pessoas e elas duvidando, achando que é desculpa nossa, ou melhor, ACHANDO QUE ESTAMOS MENTINDO? O que custava colocar uma propaganda na televisão sobre isso?
Aliás, por que, quando vocês planejam fazer essas mudanças loucas não fazem propaganda disso nos meios de comunicação, para esclarecer a população, da mesma forma que abusam de nossa paciência “entupindo” os meios de comunicação com as propagandas sobre “as coisas boas do governo”?


CENA VIII

A senhora chega, desesperada, porque o funcionário da Casa Lotérica avisou que o pagamento dela será bloqueado. Como ele sabe disso? É que no extrato da conta apareceu a mensagem: “AS CRIANÇAS E JOVENS DA SUA FAMILIA NÃO TEM INFORMAÇÃO DE FREQUÊNCIA ESCOLAR”, ou em outra versão: “AS CRIANÇAS E JOVENS DA SUA FAMILIA NÃO FORAM ENCONTRADOS NAS ESCOLAS. SEU BENEFICIO PODE SER BLOQUEADO. GARANTA A FREQUÊNCIA ESCOLAR E ATUALIZE O CADASTRO NA PREFEITURA.”

Quando Zégua examina na base cadastral, tá tudo lá. Os filhos estão informados nas escolas, o cadastro está atualizado. As informações já foram todas enviadas para o MDS (será que foram extraviadas no meio do caminho?). Zégua tenta acalmar a senhora, garantindo que seus filhos estão informados nas escolas, e que, talvez, tenha sido um erro do sistema, certamente no próximo mês, aquele aviso “aterrorizante” não irá mais aparecer no extrato.

Mas, infelizmente, ele volta a aparecer. E vem ainda mais ameaçador, advertindo: “ATENÇÃO – BLOQUEIO. SUA FAMILIA DESCUMPRIU PELA SEGUNDA VEZ COMPROMISSO COM O BOLSA FAMILIA. SE CONTINUAR, O BENEFICIO SERÁ SUSPENSO. PROCURE O GESTOR DO BOLSA FAMILIA.” E agora?

CENA IX

Outra senhora chega, preocupada com a mensagem que apareceu no extrato (as mesmas advertências do caso anterior). Quando Zégua consulta o cadastro dela, dá uma risada. Uma risada de raiva, indignação e “vontade de estar cara a cara” com os responsáveis pelo SIBEC. Acontece que a senhora só possui um filho e este já tem mais de 18 anos, ou seja, fora do prazo obrigatório de estar na escola. E agora o beneficio dela será bloqueado porque as crianças que ela não têm não estão freqüentando a escola. E os eqüinos de Brasília só sabem dizer que o problema está nos Municípios. (Eqüinos? Preciso pedir desculpas aos eqüinos pela infeliz comparação).
*******

CENA X

Diante de tantos problemas surgidos, o senhor Zégua envia algumas mensagens (via Internet), para os responsáveis pelo sistema, buscando alguma resposta. Eis o trecho de uma dessas mensagens:

“Bem, gostaria de insistir no caso da senhora FABIANA. O SIBEC decidiu EXCLUÍ-LA, ok. Mas agora pergunto: POR QUE? Tanto ela, como algumas outras pessoas, foram excluídas repentinamente... e são pessoas extremamente pobres, até abaixo do limite de pobreza... por que? Como o Município deve proceder diante de um caso desses, para reverter a situação?”


Algumas horas depois veio a seguinte resposta:

“Amigo,
O SIBEC, apesar dos problemas identificados até agora, não exclui sozinho, portanto, alguém efetuou a exclusão destes domicílios.
O que você acha que pode ter acontecido com os domicílios excluídos ?
O jeito seria a reinclusão e a solicitação ao MDS de restart de benefícios, o que eu, particularmente, acho muito difícil em ano eleitoral.”


COMENTÁRIOS MEUS: Achei bem interessante a indireta: “O SIBEC,...não exclui sozinho, portanto, ALGUÉM efetuou a exclusão destes domicílios. (ênfase minha)”

Novamente, eles lançam a culpa sobre o Município.
Outra indireta: “O que VOCÊ acha que pode ter acontecido com os domicílios excluídos?” (ênfase minha).

O que EU acho? Ora, eu queria saber era o que ELES acham.
O último parágrafo também é interessante.
“O jeito seria a reinclusão e a solicitação ao MDS de restart de benefícios, o que eu, particularmente, ACHO MUITO DIFICIL EM ANO ELEITORAL. (ênfase minha)”.

Bem, não é preciso conhecer profundamente a Lei pra saber que, em época de campanha eleitoral, os governos federal, estadual e municipal, não podem conceder benefícios ou vantagens a ninguém, para não influenciar no resultado da eleição.
Todo mundo sabe que o atual governo federal foi grandemente “abençoado” com o programa Bolsa Família, e que esse programa foi o carro-chefe da campanha da reeleição. Repito, todo mundo sabe disso. Mas no site do MDS tem uma informação bem curiosa.

Sob o título “Ministério divulga orientações sobre Bolsa Família e Cadastro Único durante período eleitoral”, o governo divulgou uma nota, em 30/05/2008, onde no último parágrafo afirma com toda clareza:

“Relatório de auditoria do Tribunal de Contas da União, durante as eleições de 2006, mostrou que o Bolsa Família não foi usado com fins eleitoreiros pelo governo federal. Além da ausência de afronta ao rigor fiscal, os auditores do TCU apontaram no relatório que não houve desrespeito à legislação eleitoral. Os auditores concluíram que a lei que regula as eleições “permite a concessão de benefícios financeiros no período eleitoral, quando se tratar de programas sociais autorizados em lei e com execução financeira anterior ao exercício em que ocorrem as eleições”. Agora, é preciso zelar para que também durante as eleições municipais o Programa Bolsa Família seja preservado.”


Fonte: http://www.mds.gov.br/noticias/ministerio-divulga-orientacoes-sobre-bolsa-familia-e-cadastro-unico-durante-periodo-eleitoral

Interessante! Algumas frases merecem destaque: “Relatório de auditoria do Tribunal de Contas da União, durante as eleições de 2006, mostrou que o Bolsa Família não foi usado com fins eleitoreiros pelo governo federal (ênfase minha).”

Com essa conclusão absurda, ficou aberto o caminho para o golpe. A próxima frase é bem esclarecedora: “Os auditores concluíram que a lei que regula as eleições ‘permite a concessão de benefícios financeiros no período eleitoral, quando se tratar de programas sociais autorizados em lei e com execução financeira anterior ao exercício em que ocorrem as eleições (ênfase minha)’”.

Portanto, não devemos nos admirar se, justamente agora, em pleno calor de campanha, o governo abrir a mão e começar a distribuir benefícios a quem aguarda há mais de dois anos.
Pois, acreditem ou não, isto começou a acontecer. Hoje, 12 de setembro de 2008, uma senhora nos procurou a fim de excluir seu nome do cadastro único em nosso Município para ficar livre e se cadastrar onde quiser. No caso, ela já se encontra morando em outro Município.

Conforme ela mesma nos disse, faz cinco anos que se cadastrou e nunca recebeu nada. Já atualizamos e enviamos o cadastro dela inúmeras vezes e nada. Portanto, tendo em vista já residir em outro Município, e nunca ter recebido nada do Bolsa Família, resolveu excluir tudo para tentar a sorte em outro lugar. Quem sabe no outro Município seu cartão finalmente venha?

Mas, ao procurar seu nome na folha de pagamento do mês em curso (setembro / 2008), só para termos a certeza de que ela não tinha beneficio nenhum, o susto foi grande. Não é que, exatamente neste mês, depois de cinco anos (segundo ela), finalmente o governo resolveu conceder seu beneficio? Que coincidência extraordinária!
Achando que era apenas um caso entre milhares fizemos uma pesquisa rápida e o resultado foi mais surpreendente ainda: 118 PESSOAS (que durante muito tempo até nos caluniaram por causa do beneficio que nunca chegava) FORAM BENEFICIADAS! Repito: 118 PESSOAS!

E agora? Em pleno calor de uma campanha municipal acirrada, 118 pessoas são premiadas com o beneficio do Bolsa Família. Imaginem a bomba!

E tem mais. Pessoas que, na época, estavam desempregadas, fizeram o cadastro, nunca veio nada, elas conseguiram um emprego, e agora... agora a fritada tá feita. Isso é um prato cheio para quem está fazendo uma campanha oposicionista.
Todas as vezes em que chegava alguma folha de pagamento, com alguns nomes a mais, fazíamos festa, colávamos a relação dos sortudos na parede, e procurávamos entrar em contato com as pessoas, para contar a novidade.

MAS DESTA VEZ, SINCERAMENTE, ATÉ AGORA NÃO TIVE CORAGEM.

Mais uma vez, o Ministério do Desenvolvimento Social conseguiu nos colocar numa “saia justa”. E uma “saia justa especial”.

Esta é a realidade do Bolsa Família não somente em nosso Município, mas em muitos lugares do Brasil. É fácil provar. Quem duvidar é só entrar em contato com algum gestor do programa em qualquer Município do Brasil. Ou então participar de uma reunião, envolvendo os gestores municipais do programa e os técnicos do MDS.
Mas não liguem para Brasília não. Na certa vão dizer pra vocês o seguinte:

- O PROBLEMA É NO MUNICÍPIO DE VOCÊS. (Deve ter um robô do outro lado, atendendo o telefone).

TROCA DE CORRESPONDÊNCIAS... E DE ALGUMAS FARPAS

Transcrição de algumas mensagens eletrônicas trocadas entre Zégua e JISSELDO (Técnico do MDS, Responsável pelo programa do Cadastramento Único – Obviamente o nome é ficticio). Os e-mails abaixo foram trocados em apenas duas semanas:

De: Zégua
Enviada em: segunda-feira, 22 de setembro de 2008 11:34
Para: JISSELDO
Assunto: PAGAMENTOS EXCLUIDOS - MISTÉRIO

Jisseldo, hoje várias pessoas me procuraram, com o mesmo tipo de problema. No extrato aparece a mensagem: PAGAMENTO EXCLUIDO.

Na folha de pagamento (setembro/2008) diz LIBERADO.
E no SIBEC aparece: ACUMULO DE BENEFICIOS FINANCEIROS DO PROGRAMA COM O PETI

O que está acontecendo? Em todos os casos apresentados, o cadastro está atualizado, a familia preenche todo o perfil de um usuário do BF, as crianças estão na escola, etc.

E não venham nos dizer a velha ladainha que o problema é no nosso Município. Fico me perguntando o que o governo pretende com tantas alterações no BF justamente agora em pleno calor de uma campanha eleitoral.

Segue o NIS de apenas um caso (depois faço uma lista):
16598268888.

Zégua - Coord. Bolsa Familia



RESPOSTA DO JISSELDO
Subject: RES: PAGAMENTOS EXCLUIDOS - MISTÉRIO
Date: Mon, 22 Sep 2008 12:17:01 -0300
From: JISSELDO
To: ZÉGUA

Colega Zégua,
Se vires o site do MDS, vais ver que, o Governo rodou o cadúnico sobre as RAIS – Relação Anual de Informações Salariais do ano passado, por isso este monte de bloqueios.
Sugiro que dê uma olha no site do MDS, deve ter uma orientação de como resolver a situação.
JISSELDO


COMENTÁRIO (meu): No e-mail que enviei acima mostrei uma série de contradições envolvendo benefícios: No extrato aparece a mensagem: PAGAMENTO EXCLUIDO. Na folha de pagamento (setembro/2008) diz LIBERADO. E no SIBEC aparece: ACUMULO DE BENEFICIOS FINANCEIROS DO PROGRAMA COM O PETI.

Em nenhum lugar diz que o beneficio foi bloqueado. O JISSELDO disse: “o Governo rodou o cadúnico sobre as RAIS – Relação Anual de Informações Salariais do ano passado, por isso este monte de bloqueios (ênfase minha)”.

RAIS? Como informei acima, ao escrever para o JISSELDO “em todos os casos apresentados, o cadastro está atualizado, a família preenche todo o perfil de um usuário do BF, as crianças estão na escola, etc”. Na lista da RAIS (enviada pelo MDS, e que temos cópia) não consta o nome de nenhum dos casos que apresentaram os problemas acima referidos.

O JISSELDO também aconselhou: “Sugiro que dê uma olha no site do MDS, deve ter uma orientação de como resolver a situação (ênfase minha).” DEVE TER?
Por que não: TEM? É simples: PORQUE NÃO TEM!

Por que ele não indicou o link específico no site sugerido? Porque não existe.

RES: RES: PAGAMENTOS EXCLUIDOS - MISTÉRIO‏

OUTRA MENSAGEM DO JISSELDO SOBRE O TEMA DO E-MAIL ANTERIOR

De: JISSELDO
Enviada:terça-feira, 23 de setembro de 2008 11:36:01
Para: ZÉGUA

Zégua,
Sugiro a leitura atenta aos arquivos em anexo.
JISSELDO


COMENTÁRIO (meu): Os arquivos enviados pelo JISSELDO foram:
a) Cópia da Instrução Operacional n.º 24/SENARC/MDS, de 21/08/2008, que orienta sobre a atualização cadastral de famílias bloqueadas em razão de envolvimento com a RAIS e BPC (o que não é a situação dos casos que estamos enfrentando);

b) Cópia da Instrução Operacional n.º 25 SENARC/MDS, 05/09/2008, que trata de famílias com problemas em relação à FREQUÊNCIA ESCOLAR (que também não tem nada a ver com os casos já mencionados).

NOVA MENSAGEM PARA O JISSELDO
De: ZÉGUA
Enviada em: terça-feira, 23 de setembro de 2008 07:36
Para: JISSELDO
Assunto: BLOQUEADOS? CANCELADOS MESMOS!

Caro JISSELDO, o problema maior é que os usuários não estão sendo BLOQUEADOS e sim CANCELADOS. O governo não está atirando para ferir (bloquear), mas para matar (cancelar). Por que não bloqueiam primeiro, dando para nós a chance de desbloquearmos se constatarmos que os motivos de bloqueios não procedem? Se for pra continuar assim, sugiro que cancelem todo mundo e comecem tudo do zero.
Até parece que vivemos em um mundo e o pessoal do MDS em outro.

Zégua


RES: BLOQUEADOS? CANCELADOS MESMOS!‏
De: JISSELDO
Enviada: terça-feira, 23 de setembro de 2008 10:52:32
Para: Zégua

Colega Zégua,
Você já tentou a reversão de cancelamento ?
JISSELDO


NOVA MENSAGEM PARA O JISSELDO (23 de setembro de 2008)

ACÚMULO DE BENEFICIOS?‏
De: ZÉGUA
Enviada: terça-feira, 23 de setembro de 2008 13:19:17
Para: JISSELDO

JISSELDO, o que significa "ACÚMULO DE BENEFICIOS FINANCEIROS DO PROGRAMA COM O PETI", que aparece nos motivos de bloqueios ou cancelamentos no SIBEC?
Veja o caso dessa senhora, RITA MARANGUABA DA SILVA, NIS 16566634404. Ela é pobre, têm três filhos, todos estão no colégio (e isto está informado no cadastro), não tem nenhum tipo de renda, vive dos favores alheios, etc.
Mas de repente seu beneficio foi excluído (no extrato aparece a mensagem PAGAMENTO EXCLUIDO). Como eu já disse antes, o governo atirou nela pra matar. Por que não simplesmente bloquear e dá uma chance pra gente resolver o caso?
O que podemos fazer com o caso dela? Ah, não tem ligação nenhuma com RAIS e BPC.
Grato,
ZÉGUA


* SEM RESPOSTA ATÉ O MOMENTO (02/10/2008)

NOVA MENSAGEM PARA O JISSELDO (26 de setembro de 2008)

BENEFICIOS CANCELADOS - POR QUE?‏
De: ZÉGUA
Enviada:sexta-feira, 26 de setembro de 2008 11:41:53
Para: JISSELDO

Caro JISSELDO,
Lí em uma das mensagens enviadas pelo MDS que ninguém pode ser excluído nos seis meses restantes do final de um governo. Parece brincadeira, mas dezenas de beneficiários estão sendo excluídos neste mês (alguns por justa causa, pensão, aposentadoria, etc.). Mas outros,...
Sobre esses "outros", gostaria que olhasse o caso da senhora MARIA MANGUCHA LOPES, NIS 16466675784.
Na folha de setembro, seu pagamento está liberado. No SIBEC está cancelado (desde 18/09). Motivos: ACÚMULO DE BENEFICIOS FINANCEIROS DO PROGRAMA COM O PETI. O que significa isso?
Pelo que sei, o governo não envia mais o dinheiro do PETI para as famílias, a não ser por meio dos cartões. Mas no cartão aparece apenas o Bolsa Família. Agora uma família extremamente carente vai ficar sem receber seu beneficio... por que essa confusão toda? E por que logo agora? E parem de culpar os Municípios pelo caos que vocês mesmos criaram.
Eu gostaria muito que vocês passassem um dia nos Municípios, para ver de perto o que esse "abençoado" Bolsa Família tem feito com dezenas de famílias.
Espero que essa confusão seja logo resolvida.
Zégua



* SEM RESPOSTA DO JISSELDO ATÉ O MOMENTO (09/10/2008, 09:12 horas).

APELANDO PARA A GISESFO (um ano antes)

De: ZÉGUA
Enviada em: quinta-feira, 18 de outubro de 2007 09:58
Para: GISESFO05 - Bolsa Família e Cadúnico
Assunto: DESCANCELAMENTO BENEFICIO

Senhores,
No final de agosto do corrente ano, enviamos um oficio para o MDS, solicitando o descancelamento de alguns benefícios. Recentemente, na primeira semana de outubro, consultando o SIBEC, constatamos que algumas pessoas tiveram seus benefícios liberados.
Porém alguns beneficiários continuam cancelados, e entre eles, pessoas extremamente carentes. Gostaríamos de solicitar o mais urgente possível o descancelamento do beneficiário abaixo:
- MARIA DESESPERADA OLIVEIRA - NIS 16366628383
Informamos ainda que o citado beneficiário consta da lista enviada (via oficio) ao MDS.
Cordialmente,
ZÉGUA

P.S.: Solicitamos uma resposta o mais breve possível (qualquer resposta).



RESPOSTA DA GISESFO

DESCANCELAMENTO BENEFICIO
gisesfo05@caixa.gov.br para mim, em 18/10/07

Ao
Zégua
COORD. PROG. BOLSA FAMILIA

1. Comunicamos que as reversões de cancelamento efetivadas pelo MDS, em reposta aos ofícios emitidos pelas prefeituras, podem ser consultadas pelo site www.mds.gov.br no link Bolsa Família.

1.1 Outra opção de consulta 0800 – 707 -2003.

2. Colocamo-nos à disposição para mais esclarecimentos.

Atenciosamente,

Marco Jangará Pires de Senna
Analista

Nailson Arruda Mulligan
Gerente de Serviço
GISES FO


COMENTÁRIO (meu): Resposta muito “esclarecedora“. Todo mundo sabe que o site do mds (e do link bolsa família) tem centenas de páginas e links. Por que não indicaram especificamente em que link se encontram as informações solicitadas?
“Outra opção de consulta: 0800 – 707 – 2003”
. Não acredito que tiveram a coragem de escrever isso!

“Colocamo-nos à disposição para mais esclarecimentos” – A Praça é Nossa está perdendo excelentes comediantes.

*** Nomes próprios citados no e-mail foram substituídos por nomes fictícios (tomara que sim!)

APELANDO PARA A OUVIDORIA DO MDS

E-MAIL ENVIADO PARA A OUVIDORIA DO MDS, HOJE (02/10/2008)

BENEFICIOS EXCLUIDOS - MOTIVOS NEBULOSOS‏
De: ZÉGUA
Enviada:quinta-feira, 2 de outubro de 2008 11:13:33
Para: ouvidoria@mds.gov.br

Senhores, recebemos dezenas de mensagens do MDS informando que, em setembro de 2008, muitas famílias teriam seus benefícios BLOQUEADOS, em razão de duas coisas: ligação com o BPC ou RAIS. Acontece que, repentinamente, em nosso Município, dezenas de usuários (sem ligação nenhuma com RAIS e BPC) tiveram seus benefícios EXCLUIDOS (nem sequer foram bloqueados), sim, EXCLUIDOS bruscamente. Quando acessamos o SIBEC, procurando saber a razão disso, encontramos a mensagem: ACUMULO DE BENEFICIOS FINANCEIROS DO PROGRAMA COM O PETI.

Enviamos vários e-mails para os coordenadores do programa, em busca de respostas, mas tudo que fizeram foi sugerir que procurássemos ler as portarias do MDS. Até agora não sabemos o que fazer, as pessoas são extremamente carentes, seus benefícios estão excluídos - e tudo isso exatamente no período eleitoral. Será que o pessoal do MDS enlouqueceu?

Cordialmente,

ZÉGUA

P.S.: Nossos Municípios vizinhos também estão enfrentando os mesmos problemas.


Resposta Automática‏

De: Ouvidoria (ouvidoria@mds.gov.br)
Enviada: quinta-feira, 2 de outubro de 2008 11:32:38
Para: ZÉGUA

Prezado Cidadão,
Recebemos, aqui na Ouvidoria-Geral do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, sua mensagem. Informamos que, tão logo tenhamos um posicionamento a respeito da mesma, entraremos em contato com Vossa Senhoria.
Desde já agradecemos o contato e nos colocamos à sua disposição, no que estiver ao alcance desta Ouvidoria.
Atenciosamente,
Ouvidoria-Geral
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
0800 707 2003


* SEM RESPOSTA DA OUVIDORIA ATÉ O MOMENTO (22/10/2008, 09:04 horas).

E agora? Apelar pra quem?


* NOTÍCIAS DE ÚLTIMA HORA - segunda-feira (06/10/2008), um dia DEPOIS das eleições, chega na agência dos Correios mais de 60 cartões Bolsa Família, criando um grande alvoroço e expectativa entre a população que há anos aguardava seu beneficio (uma senhora aguardou 7 anos!!!).

* Agora temos mais de 50 (cinqüenta) casos de bloqueios, cancelamentos e exclusão (e ninguém do MDS dá a mínima para nossos pedidos de socorro); e pra complicar, chega mais de 60 cartões (na lista divulgada pela agência dos Correios em nossa cidade há 69 pessoas), inclusive de pessoas que HOJE ESTÃO EMPREGADAS e MELHORARAM DE VIDA;

* E agora? Temos que explicar para a população por que PESSOAS EXTREMAMENTE CARENTES FORAM EXCLUIDAS AGORA EM SETEMBRO, enquanto que (no mesmo período) PESSOAS DE CONDIÇÃO FINANCEIRA RAZOÁVEL foram agraciadas com o CARTÃO BOLSA FAMILIA (novinho em folha).

09 de outubro de 2008, 10:52 horas.