Um dia de julho de 2011.
- Meu cartão continua bloqueado, seu Zégua. Eu quero saber por que.
O tom de voz alterado já dizia tudo. Seria mais um dia daqueles.
Zégua olhou no sistema. A verdade estava clara: O BENEFICIO DA FAMÍLIA FOI CANCELADO PORQUE A RENDA PER CAPITA ULTRAPASSOU O LIMITE ESTABELECIDO PELO GOVERNO FEDERAL. Ninguém pode lutar contra isso. É lei. DURA LEX, SED LEX.
Mas, quem disse que é fácil explicar isso para o povão?
Nosso herói tentou explicar para a mulher (nervosa, diga-se de passagem) o que o Sistema e a Lei estavam dizendo. Mas quem disse que isso é fácil?
- Ah, não aceito isso. Não tá certo. Vou atrás dos meus direitos.
- Mas senhora, é a lei. O que podemos fazer?
- Não é verdade, você cancelou meu cartão porque quis. Não tem essa de lei do governo federal.
- Escute aqui (o sangue começou a ferver). Eu não bloqueei ou cancelei o cartão de ninguém. Tenho mais o que fazer do que ficar criando problemas pra mim ao cancelar os benefícios dos outros.
- Pois então descancele meu cartão.
- Mas eu já disse pra senhora que não posso fazer isso? A senhora possui renda própria, não tem mais criança na escola, o sistema diz que sua renda é superior. Não posso fazer nada.
- Pode sim. Não faz por que não quer.
“Misericórdia, Senhor.”
- É complicado, mas repito que não há nada que se possa fazer.
- Vou atrás dos meus direitos.
- Pode ir. Não podemos fazer nada contra a lei.
Bem, depois dessa agradável conversa, a mulher desapareceu, irritada. Desafio você a dizer em que dia da semana esse diálogo aconteceu?
DOMINGO!
Isso mesmo! Domingo. É complicado ser cristão e funcionário do Bolsa Família ao mesmo tempo.
Dez minutos para as nove da manhã. Nosso herói está a caminho da igreja. De repente é parado por uma “motoqueira”. Ela freia bruscamente, logo dizendo:
- Foi Deus quem fez a gente se encontrar aqui agora.
- Duvido – Respondeu Zégua, e dizendo em pensamentos: “Deve ter sido o diabo.”
Então aconteceu o diálogo descrito acima.
Zégua continuou seu caminho para a Igreja, irritado.
É mais ou menos meio dia.
Quase na hora do almoço.
TOC! TOC! TOC!
“Ah, não! Ah, não!”
- E aí? – Perguntou a dita cuja.
E o diálogo aconteceu bem parecido com o narrado anteriormente, com a diferença de que nosso herói estava ainda mais irritado. O mais aborrecido disso tudo é que a individua é funcionária pública municipal. Gente que realmente precisa do beneficio não faz esse tipo de pressão. Qualquer “zégua” espalhado por esse Brasil confirma isso.
MAS A DESGRAÇA É QUE EXISTE O 0800-BOLSA FAMÍLIA. Como assim?
Zégua faz o possível (e o impossível) para explicar a situação para a “excomungada”, mas quando esta sai que liga para o 0800, sabe o que escuta do outro lado?
- SENHORA, QUEM CANCELOU SEU BENEFICIO FOI O PESSOAL DAÍ MESMO.
Agora, me digam: Como pobres mortais como o Zégua podem contradizer os divinos do 0800?
segunda-feira, 18 de julho de 2011
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